São Paulo, segunda, 2 de novembro de 1998

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EFEITO SAZONAL
Apesar da recessão, fabricantes de maiôs, bebidas e sorvetes esperam vender mais na temporada de 99
Verão poderá dar refresco à indústria

ANA FLORENCE
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

A indústria de produtos típicos para o verão está menos preocupada com as previsões econômicas do que com as meteorológicas.
Se a recessão prevista vier acompanhada de calor, a indústria de sorvetes, refrigerantes, cervejas, biquínis, cadeiras de praia e protetores solar prevê vender mais nesta temporada do que na passada.
A produção de maiôs, bermudas, camisetas e outras roupas mais usadas no verão deve crescer cerca de 6% neste ano em relação à de 97, segundo pesquisa da Iemi, consultoria especializada no setor têxtil.
Pelo levantamento da consultoria junto às confecções, a venda da coleção de verão vai ser boa, especialmente porque os preços das roupas estão em queda e porque o comércio de vestuário independe de crédito. "E ainda há o glamour da estação", diz Marcelo Prado, diretor do Iemi.
A Cia. Marítima, marca do grupo Rosset para a linha de biquínis e maiôs, vai produzir 2 milhões de peças para este verão, o mesmo volume do ano passado. A empresa considera esse um bom resultado.
"Boa parte da produção já está vendida, o que é bom se considerarmos o cenário econômico", diz Patrícia Ruas, gerente de marketing da Cia. Marítima. "Se o sol ajudar, a venda vai ser boa."
Também otimista, a fabricante de biquínis Rosa Chá espera crescer mais de 10% este ano em relação a 97. "As encomendas, tradicionalmente feitas em julho, aumentaram em relação às do ano passado", diz o estilista e proprietário, Amir Slama.
Slama espera vender 380 mil peças até o final do ano, enquanto em 97 foram vendidas 320 mil. A Lygia & Nanny, confecção de biquínis, com quatro lojas, adotou uma estratégia mais conservadora: vai produzir 40 mil peças de outubro a janeiro, o mesmo volume de igual período do ano anterior.
"Vai ser difícil aumentar as vendas. Ano de eleição e de pacote acaba deixando todo mundo apreensivo", diz Lygia Moreno, sócia-proprietária. Para incentivar a compra dos seus maiôs, a confecção diminuiu 5% os seus preços.

Refrigerantes A Coca-Cola já está animada com o verão, apesar das recentes medidas adotadas pelo governo. "O refrigerante tem custo unitário baixo. Vamos ser bem agressivos em marketing para aumentar as vendas", diz Marco Simões, diretor de relações externas.
No ano passado, a Coca-Cola bateu recorde de vendas no Brasil. A meta é repetir a dose neste ano. "Clima econômico e temperatura influenciam, mas não impedem nosso trabalho." A Coca-Cola vai gastar com marketing e distribuição cerca de R$ 350 milhões neste ano, 9% a mais do que em 97.

Sorvetes Fabricantes de sorvetes estão a pleno vapor para atender o consumo desta temporada de verão e, mais do que qualquer outra indústria que vende produtos típicos para a estação, aguarda com ansiedade o sol.
As duas maiores fabricantes de sorvete -Kibon e Yopa- movimentam cerca de R$ 700 milhões por ano. Só que 60% dos 200 milhões de litros de sorvetes produzidos anualmente são consumidos de outubro a março.
Independentemente das tempestades, a Kibon mantém uma expectativa de crescimento do mercado de 10%. A empresa, por sua vez, espera crescer mais ainda, segundo Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos.
Recentemente, a empresa relançou o sorvete Cornetto com uma forte campanha de marketing. Também irá "gelificar" e lançar novas frutas exóticas.
A Yopa diz que vai produzir para este verão o mesmo volume de sorvetes em relação a igual período de 97, quando vendeu cerca de 8% a mais do que em 96. "Não reduzimos a produção", diz Francisco Garcia, gerente de marketing.
Ele admite que o consumo de sorvetes está fraco, tanto que a empresa antecipou dez lançamentos para setembro e pretende colocar no mercado mais cinco até março de 99. A venda desse produto depende de impulso, diz. "Se faz sol, o consumidor compra."
No início do ano, as indústrias chegaram a apostar que 98 seria o ano do sorvete, com vendas recordes, por causa do forte verão. "Agora, o que existe de fato é uma grande interrogação."
Para estimular o consumo, a Yopa vai investir de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões em marketing nesta temporada de verão. A empresa está também lançando produtos mais baratos. O picolé Abracadabra, que pinta a boca, custa para o consumidor R$ 0,40.
A Hägen-Dazs informa que, apesar de o mercado de sorvetes estar estável, há um aumento na procura de produtos sofisticados, o que é o caso da sua linha de produtos.



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