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EFEITO SAZONAL
Apesar da recessão, fabricantes de maiôs, bebidas e sorvetes esperam vender mais na temporada de 99
Verão poderá dar refresco à indústria
ANA FLORENCE
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A indústria de produtos típicos
para o verão está menos preocupada com as previsões econômicas
do que com as meteorológicas.
Se a recessão prevista vier acompanhada de calor, a indústria de
sorvetes, refrigerantes, cervejas,
biquínis, cadeiras de praia e protetores solar prevê vender mais nesta
temporada do que na passada.
A produção de maiôs, bermudas,
camisetas e outras roupas mais
usadas no verão deve crescer cerca
de 6% neste ano em relação à de 97,
segundo pesquisa da Iemi, consultoria especializada no setor têxtil.
Pelo levantamento da consultoria junto às confecções, a venda da
coleção de verão vai ser boa, especialmente porque os preços das
roupas estão em queda e porque o
comércio de vestuário independe
de crédito. "E ainda há o glamour
da estação", diz Marcelo Prado, diretor do Iemi.
A Cia. Marítima, marca do grupo
Rosset para a linha de biquínis e
maiôs, vai produzir 2 milhões de
peças para este verão, o mesmo volume do ano passado. A empresa
considera esse um bom resultado.
"Boa parte da produção já está
vendida, o que é bom se considerarmos o cenário econômico", diz
Patrícia Ruas, gerente de marketing da Cia. Marítima. "Se o sol ajudar, a venda vai ser boa."
Também otimista, a fabricante
de biquínis Rosa Chá espera crescer mais de 10% este ano em relação a 97. "As encomendas, tradicionalmente feitas em julho, aumentaram em relação às do ano
passado", diz o estilista e proprietário, Amir Slama.
Slama espera vender 380 mil peças até o final do ano, enquanto em
97 foram vendidas 320 mil. A Lygia
& Nanny, confecção de biquínis,
com quatro lojas, adotou uma estratégia mais conservadora: vai
produzir 40 mil peças de outubro a
janeiro, o mesmo volume de igual
período do ano anterior.
"Vai ser difícil aumentar as vendas. Ano de eleição e de pacote
acaba deixando todo mundo
apreensivo", diz Lygia Moreno, sócia-proprietária. Para incentivar a
compra dos seus maiôs, a confecção diminuiu 5% os seus preços.
Refrigerantes
A Coca-Cola já está animada
com o verão, apesar das recentes
medidas adotadas pelo governo.
"O refrigerante tem custo unitário
baixo. Vamos ser bem agressivos
em marketing para aumentar as
vendas", diz Marco Simões, diretor de relações externas.
No ano passado, a Coca-Cola bateu recorde de vendas no Brasil. A
meta é repetir a dose neste ano.
"Clima econômico e temperatura
influenciam, mas não impedem
nosso trabalho." A Coca-Cola vai
gastar com marketing e distribuição cerca de R$ 350 milhões neste
ano, 9% a mais do que em 97.
Sorvetes
Fabricantes de sorvetes estão a
pleno vapor para atender o consumo desta temporada de verão e,
mais do que qualquer outra indústria que vende produtos típicos para a estação, aguarda com ansiedade o sol.
As duas maiores fabricantes de
sorvete -Kibon e Yopa- movimentam cerca de R$ 700 milhões
por ano. Só que 60% dos 200 milhões de litros de sorvetes produzidos anualmente são consumidos
de outubro a março.
Independentemente das tempestades, a Kibon mantém uma expectativa de crescimento do mercado de 10%. A empresa, por sua
vez, espera crescer mais ainda, segundo Ronald Rodrigues, diretor
de assuntos corporativos.
Recentemente, a empresa relançou o sorvete Cornetto com uma
forte campanha de marketing.
Também irá "gelificar" e lançar
novas frutas exóticas.
A Yopa diz que vai produzir para
este verão o mesmo volume de sorvetes em relação a igual período de
97, quando vendeu cerca de 8% a
mais do que em 96. "Não reduzimos a produção", diz Francisco
Garcia, gerente de marketing.
Ele admite que o consumo de
sorvetes está fraco, tanto que a empresa antecipou dez lançamentos
para setembro e pretende colocar
no mercado mais cinco até março
de 99. A venda desse produto depende de impulso, diz. "Se faz sol,
o consumidor compra."
No início do ano, as indústrias
chegaram a apostar que 98 seria o
ano do sorvete, com vendas recordes, por causa do forte verão.
"Agora, o que existe de fato é uma
grande interrogação."
Para estimular o consumo, a Yopa vai investir de US$ 15 milhões a
US$ 20 milhões em marketing nesta temporada de verão. A empresa
está também lançando produtos
mais baratos. O picolé Abracadabra, que pinta a boca, custa para o
consumidor R$ 0,40.
A Hägen-Dazs informa que, apesar de o mercado de sorvetes estar
estável, há um aumento na procura de produtos sofisticados, o que é
o caso da sua linha de produtos.
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