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Câmbio leva importações a crescimento de 26% no ano
Exportação sobe 17%, impulsionada mais pela alta de preços do que pelo volume vendido
Recorde, saldo comercial no ano já passa de US$ 41 bi, com expansão de 1,7% em relação ao desempenho de igual período de 2005
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O saldo da balança comercial
somou US$ 3,194 bilhões em
novembro e acumulou US$
41,074 bilhões no ano -a cifra é
recorde e representa expansão
de 1,7% ante o desempenho registrado em igual período de
2005 (R$ 40,379 bilhões).
Em novembro, as exportações atingiram US$ 11,866 bilhões, e as importações ficaram
em US$ 8,672 bilhões. No período de janeiro a novembro, as
vendas ao exterior chegaram ao
recorde de US$ 125,236 bilhões, mais do que os US$ 118
bilhões de todo o ano passado.
A importações, por sua vez, totalizaram R$ 84,162 bilhões
-também a maior da história.
No acumulado do ano, as exportações cresceram 16,6% ante o mesmo período do ano passado. Impulsionadas pelo câmbio, as importações, porém,
avançaram em um ritmo mais
acelerado -25,6%.
Apesar dos resultados recordes, especialistas alertam que
as exportações só crescem por
conta dos bons preços de commodities, já que as quantidades
exportadas têm crescido muito
pouco, num ritmo menor do
que a média mundial.
"Não podemos viver de ilusão. Os números aparentemente são muito bons, mas, se
olharmos por dentro, vamos
ver que temos um crescimento
de 12,5% dos preços e de apenas
3,5% da quantidade exportada,
que no comércio mundial cresceu 8%. Significa que estamos
crescendo menos do que o comércio mundial", disse Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de Relações Internacionais
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Fonseca, o forte saldo comercial neste ano foi "acidental". "Os preços melhoraram muito", disse.
Tal cenário, diz, é prejudicial
à indústria, que não amplia sua
produção (ou seja, não aumenta o nível de emprego), embora
se beneficie dos preços melhores, especialmente de commodities como açúcar, produtos
siderúrgicos e minério de ferro.
O pior, afirma Giannetti, é
que as indicações são de preços
estáveis ou em queda no próximo ano. "Se a quantidade não
crescer, o desempenho de 2007
pode ser muito fraco", prevê.
O secretário de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, reconhece que o crescimento das exportações tem
ocorrido mais em razão dos
preços do que por conta do aumento das quantidades. Diz
ainda que o câmbio reduziu a
competitividade de alguns setores, que diminuíram as exportações, focando as vendas
em produtos mais sofisticados
(de maior valor) para manter
sua receita de exportação.
"Um exemplo é o setor de
calçados, que não tinha preço
para competir com os produtos
chineses e passou a vender peças com maior valor agregado,
embora tenha reduzido a produção. O que é perverso, de um
certo modo, porque há redução
de emprego", avalia Meziat.
"Bom perfil"
A forte expansão das importações, segundo o secretário,
ocorre graças ao estímulo do
câmbio e à crescente demanda
por produtos importados. Ele
ressalta que o "bom perfil" das
importações, concentradas em
matérias-primas (49,5% do total) e máquinas e equipamentos (20,5%) -itens usados na
fabricação de outros produtos
ou no investimento na ampliação da capacidade produtiva.
Já Giannetti recomendou o
incremento das importações
para conter a apreciação do
real, puxada pelos fortes saldos
comerciais, e favorecer, assim,
a indústria. Mas diz que, para
ampliar importações, é preciso
mais crescimento econômico.
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