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Crise e chuva impedem meta de exportação
Com tensão externa e enchente em SC, governo diz que país não cumprirá objetivo de exportar US$ 202 bi em 2008
Tanto exportações como importações recuam em
novembro; saldo da balança
acumulado no ano é de
US$ 22,43 bi, queda de 39%
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise financeira internacional e as enchentes em Santa
Catarina levaram o governo a
admitir pela primeira vez ontem que o país não vai cumprir
a meta de exportar US$ 202 bilhões neste ano e prever dificuldades maiores para 2009.
Os dados de novembro indicam queda de 12,5% nas exportações e de 16,5% nas importações em relação a outubro. O
governo esperava crescimento
de ambos. "Esperamos chegar
muito próximo à meta. Caso
não se atinjam os US$ 202 bilhões, devemos conseguir pelo
menos US$ 200 bilhões", disse
o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
O superávit comercial do
ano, que auxilia o governo a fechar as contas externas do país,
chegou a US$ 22,43 bilhões,
uma redução de 38,6% sobre os
mesmos números de 2007. Os
dados indicam forte desaceleração da economia brasileira,
de acordo com a análise de especialistas ouvidos pela Folha.
De janeiro a novembro, as
empresas brasileiras exportaram US$ 184,13 bilhões, valor
25% superior aos primeiros 11
meses do ano passado.
"As exportações caíram muito e essa queda reflete a recessão que o mundo está vivendo",
afirmou o economista Rogério
Cesar Souza, do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
As importações somaram
US$ 161,69 bilhões no acumulado do ano, um crescimento
de 46,3% em relação ao mesmo
período de 2007. "Estou muito
assustado, se [o resultado das
exportações] for impacto da
crise financeira, é muito maior
do que todo mundo imaginava", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A queda nas compras do exterior demonstra que a indústria brasileira está comprando
menos máquinas, equipamentos e insumos lá fora, um indício de que os empresários
apostam em mais dificuldades.
O problema nesse caso é
também o ritmo de queda. A
média diária de importação bateu em US$ 431 milhões na última semana do mês passado,
contra US$ 786,6 milhões em
outubro. Segundo Castro, isso
pode representar dificuldades
das empresas com crédito.
Para Barral, outro fator que
explica a redução no comércio
exterior é o comportamento do
dólar, que dificulta o planejamento das empresas. "Essa instabilidade gera insegurança no
mercado e afeta tanto as exportações quanto as importações."
Segundo Souza, do Iedi, os
números servem de alerta para
a possibilidade de recessão ou
mesmo depressão econômica
no país. "Os indicadores já
mostram que as expectativas
dos empresários foram lá para
baixo, por isso uma queda tão
abrupta nas importações."
Os dados do Ministério do
Desenvolvimento demonstram
que a queda nos preços das
commodities nos últimos meses prejudicou as exportações.
Carne de frango (-11,5%), carne
bovina (-26,7%), milho
(-36,3%) e alumínio (-54,3%)
apresentaram queda nas vendas ante novembro de 2007.
Um dos principais vilões da
balança foi o petróleo. A queda
no preço fez o Brasil vender
US$ 600 milhões a menos.
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