São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BNDES oferecerá R$ 6 bi para capital de giro das empresas

Financiamentos servirão para ajudar empresários a contornar escassez de crédito

Empréstimo vai ter juros subsidiados e será destinado principalmente a micro, pequenas e médias empresas; programa durará 13 meses


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Para contornar a secura de crédito provocada pela crise, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lançou ontem uma linha de financiamento, no valor de R$ 6 bilhões, cujo objetivo é prover capital de giro especialmente a micro, pequenas e médias empresas.
Os juros serão subsidiados, com taxa máxima de 20,05% ao ano -dos quais até 4% correspondem ao "spread" dos bancos privados que vão repassar os recursos. Para micro, pequenas e médias empresas, o juro é mais baixo: 19,15%.
Segundo Luciano Coutinho, presidente do BNDES, as taxas são bem menores do que as praticadas no mercado, que oscilam de 35% a 45% ao ano para a modalidade de financiamento de capital de giro. "É uma taxa bastante competitiva."
O programa de financiamento terá duração de 13 meses a contar de agora. Os empréstimos são limitados a R$ 50 milhões por empresa -ou até 20% do faturamento da firma que pedir o empréstimo. Há ainda um período de carência de cinco meses.
Batizada de PEC (Programa Especial de Crédito), a linha de crédito é temporária e tem como objetivo compensar a falta de crédito ocasionada pela crise internacional. "Há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de crédito, que cresceu muito. E o governo está tomando as medidas para amenizar essa situação", disse Coutinho.
O dinheiro para compor a linha de crédito tem origem na liberação dos depósitos compulsórios, medida tomada pelo Banco Central para ampliar os financiamentos bancários e injetar liquidez na economia.
Para Coutinho, o crédito não desapareceu completamente. Ao contrário, diz, até cresceu, mas num ritmo insuficiente para suprir toda a demanda por crédito. É que, por conta do fechamento de linhas do exterior devido à crise, mais empresas buscaram crédito no mercado doméstico. "O crédito ficou caro e escasso. Houve um deslocamento da demanda por crédito do mercado externo para o mercado interno", afirmou.
Na visão de Coutinho, a atuação dos bancos públicos é fundamental para recompor o crédito e evitar uma explosão das taxas de juros, que já subiram em razão da restrição dos financiamentos.

Outras linhas
O BC autorizou o BNDES a utilizar R$ 10 bilhões do compulsório. Os outros R$ 4 bilhões que não integram a linha de capital de giro são destinados a duas outras modalidades de financiamento: uma para empréstimos-ponte a projetos de infra-estrutura e a outra para financiar exportações.
Coutinho disse que as vencedoras do leilão da linha de transmissão das usinas do rio Madeira já começaram a procurar o banco interessadas nos empréstimos-ponte. Nesse caso, a taxa é a TJLP (9,25% ao ano), mais 1,3% de "spread" do BNDES, e prazo de 18 meses.
Segundo Coutinho, o BNDES não estuda, no momento, nenhuma operação de lançamento de títulos do banco para alavancar recursos para financiar a exploração do pré-sal.


Texto Anterior: Senado: Audiência sobre empréstimo de R$ 2 bi será na 5ª
Próximo Texto: Sadia reduz exposição cambial
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.