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Exportações caem de novo e derrubam saldo
Real forte e crise em destinos tradicionais prejudicam exportações, e mercado interno aquecido sustenta importações
Balança tem em novembro pior resultado desde janeiro, com saldo de US$ 615 mi; Miguel Jorge critica carga tributária nas exportações
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fraco desempenho das exportações e a manutenção do
ritmo de retomada das importações derrubaram o saldo comercial em novembro para
US$ 615 milhões, o pior resultado desde o deficit de US$ 529
milhões de janeiro, disse o Ministério do Desenvolvimento.
Além da insuficiente recuperação da demanda externa, o
real valorizado reduz o fôlego
dos embarques e estimula as
importações, o que pode até zerar o saldo em dezembro.
O país, que até novembro
amarga queda de 26,5% na corrente de comércio exterior, não
conseguirá repetir o superavit
de US$ 24,96 bilhões de 2008.
"Se o PIB fosse baseado em
exportações, era para arrancar
os cabelos", disse o ministro do
Desenvolvimento, Miguel Jorge, em Kiev. Ele criticou o governo pela cobrança de imposto sobre exportações. "Principalmente imposto que a gente
tem que devolver e não devolve", disse o ministro.
O secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral, prevê
um dezembro ruim na balança.
"O saldo deve diminuir ainda
mais no mês, e talvez o total no
ano não alcance 2008", disse.
A previsão inicial para as exportações no ano, de cerca US$
160 bilhões, não deve ser cumprida. Segundo Barral, que prevê cerca de US$ 150 bilhões,
parte da dificuldade de recuperação das exportações decorre
do lento crescimento de destinos importantes das mercadorias brasileiras, como os EUA.
Desde janeiro, a queda nas vendas para o país chega a 43,7%.
A outra face da moeda é a valorização do real, que barateia
as importações e eleva os preços das mercadorias brasileiras, dificultando a entrada em
mercados cada vez mais concorridos. "E a situação se agrava quando competimos com
países de câmbio controlado,
como a China", disse Barral.
Silvio Sales, consultor da
FGV, ressalta que o crescimento do consumo interno é outro
estímulo às importações. E
destaca o crescimento de 6,2%
nas importações de máquinas e
equipamentos em novembro.
Sales lembra que o descompasso entre as demandas interna e externa tem forçado parte
dos empresários a mudar de foco. "A indústria caiu de elevador, mas está subindo de escada. A solução para muitos tem
sido tentar recolocar seus produtos no varejo nacional."
Para o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, "vender só
US$ 150 bilhões no ano é muito
pouco, principalmente com
perspectiva real de aumento
das importações".
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