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Governo eleva tributos para repor CPMF
Para compensar perda, tributação que incide sobre o sistema financeiro é ampliada, com alta nas alíquotas de IOF e CSLL
Medida, que deverá gerar R$ 10 bi aos cofres públicos, contraria acordo feito com oposição que previa a não-elevação de impostos
NEY HAYASHI DA CRUZ
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para compensar a perda de
arrecadação causada pelo fim
da CPMF, o governo vai aumentar em R$ 10 bilhões a tributação sobre o sistema financeiro. Esse dinheiro será arrecadado com a elevação das alíquotas da CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido)
paga por instituições financeiras e do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), que
passará a incidir também sobre
empréstimos bancários para as
empresas.
A equipe econômica estima
que deixará de arrecadar
R$ 38 bilhões neste ano com a
extinção do chamado imposto
do cheque. Além do aumento
de impostos, o governo promete reduzir em R$ 20 bilhões
seus gastos previstos para 2008
e diz que vai rever acordos de
reajuste salarial fechados com
o funcionalismo público no ano
passado.
Ainda não está definida a
fonte dos R$ 10 bilhões que faltam para fechar o cálculo da reposição das perdas da CPMF. O
governo conta com o aumento
de arrecadação esperado para
este ano com o crescimento da
economia acima do previsto.
Na soma total, a reposição seria
de R$ 40 bilhões.
O aumento do IOF deve render R$ 8 bilhões ao governo. As
alíquotas, que incidem sobre
operações como compra de dólares e contratação de seguros e
variam para cada transação, terão um aumento linear de 0,38
ponto percentual. Além disso, o
imposto no caso de empréstimos para pessoas físicas vai dobrar, passando de 1,5% ao ano
para 3%.
No caso da CSLL, só as instituições financeiras serão atingidas com um aumento de alíquota, que passará de 9% para
15%. Nas contas do governo, isso irá produzir uma arrecadação extra de R$ 2 bilhões neste
ano. Segundo o ministro Guido
Mantega (Fazenda), optou-se
por elevar o tributo que incide
sobre os ganhos das instituições financeiras porque "é um
setor que está tendo uma lucratividade maior que outros".
Essa elevação será feita por
meio de medida provisória
-que precisa ser aprovada pelo
Congresso- e só começa a valer em três meses, pois precisa
respeitar a chamada noventena, regra que diz que elevação
de tributos precisa ser anunciada 90 dias antes de sua efetiva
aplicação. Segundo a lei, o IOF
não precisa respeitar a noventena e entra em vigor após publicação no "Diário Oficial", o
que deve ocorrer hoje.
As medidas anunciadas ontem contrariam acordo feito
por governo e oposição no final
de 2007, na votação da prorrogação da DRU (Desvinculação
de Receitas da União). Na ocasião, para conseguir os votos
necessários para a aprovação
do dispositivo que permite a liberação de 20% da arrecadação
para gastos livres, os governistas diziam garantir que não haveria aumento de impostos para compensar o fim da CPMF.
Questionado sobre o acordo,
Mantega negou que estivesse
anunciando aumento de impostos. "O que o presidente Lula falou é que não faria pacote
para arrecadar R$ 40 bilhões. O
que estamos fazendo é um ajuste tributário muito modesto."
Mantega afirmou ainda que o
corte de gastos e o aumento de
impostos serão feitos para garantir que o superávit primário
(economia feita pelo governo
para pagar juros da dívida pública) não será afetado pelo fim
da CPMF. "Esse ajuste se faz
necessário para manter o equilíbrio fiscal e para cumprir a
meta de superávit, que será
atingida a todo custo."
Também disse que o governo
não vai mais reduzir os tributos
pagos por alguns setores, como
estava previsto na nova política
industrial -discutia-se redução de cerca de R$ 5 bilhões.
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