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Lula apressou
o anúncio
de medidas
KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Evitar incerteza na economia, encher logo os cofres
com aumento de impostos e
cálculo político para dividir
com o Congresso a responsabilidade por corte de gastos.
Essas foram as principais razões para o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva decidir
anunciar no início de 2008 as
medidas para compensar a
perda de arrecadação de R$
38 bilhões com a extinção da
CPMF, o imposto do cheque.
O presidente pretendia fazer um anúncio público em
fevereiro, mas foi convencido pela área econômica a
adotar rapidamente um pacote de medidas inevitáveis e
impopulares: aumento de
impostos e corte de gastos.
Segundo um auxiliar do
presidente, pesou ainda a decisão de não deixar prosperar um cenário de incerteza
na economia, porque o mercado e o empresariado temiam um afrouxamento fiscal e aguardavam uma solução do governo para compensar a perda da CPMF.
Do lado fiscal, o Tesouro
começará a arrecadar mais a
partir de hoje, quando valerá
o acréscimo de 0,38 ponto
percentual nas alíquotas do
IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Como é necessária "noventena" (prazo de 90 dias)
para que vigore a nova alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) do setor financeiro
(esse tipo de aumento depende de aprovação do Congresso), adiar essa decisão
para fevereiro atrasaria em
mais um mês a elevação do
tributo e, conseqüentemente, haveria menor arrecadação. No caso da elevação do
IOF, não é preciso autorização do Congresso.
Quando anunciou que em
fevereiro cortará R$ 20 bilhões do Orçamento da
União, Lula confirmou a decisão de evitar cortes em programas sociais e no PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento). Assim, o petista posa politicamente desde já como defensor dos gastos sociais e do plano de investimentos em infra-estrutura, ações que considera as
jóias do segundo mandato.
Ao mesmo tempo, o presidente pediu à área econômica que discuta com o Congresso o detalhamento desse
corte de gastos para que as
tesouradas pontuais sejam
dadas em fevereiro. Ou seja,
joga para o Legislativo, que
se negou a renovar a CPMF,
parte da responsabilidade de
cortar despesas.
Vaivém presidencial
O anúncio ontem do pacote contraria o discurso recente de Lula e auxiliares. O
presidente disse em 17 de dezembro: "Não há nenhum
motivo para qualquer precipitação, não há nenhum motivo para anunciar medidas
de forma extemporânea".
Na véspera, ao repreender
Guido Mantega (Fazenda)
por declarações sobre a compensação da CPMF, afirmou:
"Não existe razão para ninguém ficar nervoso, nenhuma razão para que ninguém
faça uma loucura de aumentar a carga tributária".
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