|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Operários ameaçam greve contra demissão
Sindicato de trabalhadores da construção civil de São Paulo planeja protesto para fevereiro
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Trabalhadores da construção
civil já preparam para fevereiro
uma greve geral em São Paulo
em protesto contra as demissões feitas pelo setor desde que
os primeiros sinais da crise
mundial começaram a ter impacto na economia brasileira.
No comércio e no setor industrial, sindicatos de empregados também já avisaram que
não vão aceitar cortes "sob o
pretexto da crise".
O número de rescisões de
contratos feitas diariamente no
Sindicato dos Trabalhadores da
Construção Civil de São Paulo
(filiado à Força Sindical) passou de 40 em setembro para
150 em outubro, 120 em novembro e 100 em dezembro, segundo Antonio de Sousa Ramalho, presidente da entidade.
Esses números incluem só a
dispensa de trabalhadores e
não os pedidos de demissão feitos pelos empregados, de acordo com a entidade.
Os últimos dados disponíveis
do Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostram que em novembro passado o setor da construção civil fechou 22,7 mil vagas
com carteira assinada no país.
Em igual mês de 2007, o setor
havia criado 7.800 empregos.
"As demissões ocorreram para promover o achatamento de
salários. Até julho, o setor sofria com a falta de mão-de-obra
especializada de ao menos 200
mil profissionais no país. Os salários foram supervalorizados.
E a crise é uma boa desculpa
para resolver isso", diz o sindicalista. A Folha não localizou
representantes dos empregadores para comentar o assunto.
Atraso no 13º salário
Um dos termômetros usados
pelo sindicato para medir o
efeito da crise mundial no setor
da construção civil foi o pagamento do 13º salário de 2008.
Até a semana passada, 17 empreiteiras que, juntas, empregam 630 trabalhadores, haviam
atrasado o pagamento do benefício. A primeira parcela deveria ser paga no final de novembro e a segunda, até o dia 20 de
dezembro. "Se houvesse crise
generalizada no setor, os atrasos teriam ocorrido em mais
empresas. As empreiteiras que
não fizeram o pagamento do
13º salário nem o do adiantamento [de salário] de dezembro são as que tradicionalmente atrasam. Sinal de que a situação do setor não é ruim", diz.
Entre os comerciários, o número de atrasos também foi
considerado pequeno. O Sindicato dos Comerciários de São
Paulo (filiado à UGT) registrou
atraso no pagamento do 13º salário de cerca de 700 funcionários de 40 lojas. A entidade representa 430 mil empregados
em 70 mil estabelecimentos.
"O problema maior da categoria no final do ano foram as
jornadas excessivas, que ultrapassaram até 62 horas semanais. O sindicato não fez acordo
para que os comerciários trabalhassem nem no Natal nem no
Ano Novo. Vamos recorrer à
fiscalização do Trabalho e às
multas judiciais para o cumprimento dos direitos dos trabalhadores", diz Ricardo Patah,
presidente do sindicato.
Texto Anterior: Kombi e compra via web terão imposto reduzido Próximo Texto: Hidrelétrica: Usina de Itaipu bate recorde de produção de energia em 2008 Índice
|