São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Operários ameaçam greve contra demissão

Sindicato de trabalhadores da construção civil de São Paulo planeja protesto para fevereiro

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhadores da construção civil já preparam para fevereiro uma greve geral em São Paulo em protesto contra as demissões feitas pelo setor desde que os primeiros sinais da crise mundial começaram a ter impacto na economia brasileira.
No comércio e no setor industrial, sindicatos de empregados também já avisaram que não vão aceitar cortes "sob o pretexto da crise".
O número de rescisões de contratos feitas diariamente no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (filiado à Força Sindical) passou de 40 em setembro para 150 em outubro, 120 em novembro e 100 em dezembro, segundo Antonio de Sousa Ramalho, presidente da entidade.
Esses números incluem só a dispensa de trabalhadores e não os pedidos de demissão feitos pelos empregados, de acordo com a entidade.
Os últimos dados disponíveis do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostram que em novembro passado o setor da construção civil fechou 22,7 mil vagas com carteira assinada no país. Em igual mês de 2007, o setor havia criado 7.800 empregos.
"As demissões ocorreram para promover o achatamento de salários. Até julho, o setor sofria com a falta de mão-de-obra especializada de ao menos 200 mil profissionais no país. Os salários foram supervalorizados. E a crise é uma boa desculpa para resolver isso", diz o sindicalista. A Folha não localizou representantes dos empregadores para comentar o assunto.

Atraso no 13º salário
Um dos termômetros usados pelo sindicato para medir o efeito da crise mundial no setor da construção civil foi o pagamento do 13º salário de 2008.
Até a semana passada, 17 empreiteiras que, juntas, empregam 630 trabalhadores, haviam atrasado o pagamento do benefício. A primeira parcela deveria ser paga no final de novembro e a segunda, até o dia 20 de dezembro. "Se houvesse crise generalizada no setor, os atrasos teriam ocorrido em mais empresas. As empreiteiras que não fizeram o pagamento do 13º salário nem o do adiantamento [de salário] de dezembro são as que tradicionalmente atrasam. Sinal de que a situação do setor não é ruim", diz.
Entre os comerciários, o número de atrasos também foi considerado pequeno. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo (filiado à UGT) registrou atraso no pagamento do 13º salário de cerca de 700 funcionários de 40 lojas. A entidade representa 430 mil empregados em 70 mil estabelecimentos.
"O problema maior da categoria no final do ano foram as jornadas excessivas, que ultrapassaram até 62 horas semanais. O sindicato não fez acordo para que os comerciários trabalhassem nem no Natal nem no Ano Novo. Vamos recorrer à fiscalização do Trabalho e às multas judiciais para o cumprimento dos direitos dos trabalhadores", diz Ricardo Patah, presidente do sindicato.


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