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Corte dos juros pouco ajuda os
de baixa renda
DE NOVA YORK
A queda no consumo e as
projeções negativas para a
economia e para o emprego
neste ano confirmam as expectativas de especialistas de
que o corte na taxa básica de
juros do Fed (o BC dos Estados Unidos) traria benefício
limitado para as classes média e baixa norte-americanas
-ao menos enquanto durar a
pior fase da crise.
O Fed cortou em dezembro a taxa de juros de 1% para
uma banda que vai de zero a
0,25% ao ano. Também
anunciou novas linhas de
crédito direto que chegariam
mais facilmente à ponta -o
consumidor. Mas, por enquanto, o balanço mensal de
grande parte das famílias
continua no buraco.
"O corte [dos juros] aumenta a oferta de crédito disponível, mas a questão é se os
consumidores se sentem
confiantes o suficiente para
tomar emprestado agora",
disse à Folha Jim Hanson,
vice-presidente de finanças
pessoais da Associação Nacional de Uniões de Crédito.
Para Guy Stuart, professor
de políticas públicas da Universidade Harvard e autor de
"Analisando o Risco: A Indústria de Empréstimos
Imobiliários no Século 20"
("Discriminating Risk: The
U.S. Mortgage Lending Industry in the Twentieth,
Century"), só quem está da
metade para cima da pirâmide social verá o efeito das
ações do Fed. "Sou muito cético quanto aos efeitos desses cortes na população que
realmente precisa de ajuda."
Stuart concorda que o corte dos juros tem efeitos imediatos para renegociações de
dívidas imobiliárias e cartões de crédito, entre outros.
O problema é que o alcance é
limitado. "A classe média alta e quem já tem riqueza sai
ganhando, porque é para eles
que os bancos irão emprestar e renegociar dívidas. O
resto não vai conseguir."
As classes mais baixas enfrentam três dificuldades.
Primeiro, muitos proprietários hoje devem mais do que
suas casas valem, e por isso,
ao tentar renegociar suas dívidas, encontram portas fechadas. Segundo, há muito
pessimismo quanto ao desemprego e os bancos seguem cautelosos quanto a
tomadores de empréstimos.
Terceiro, as instituições de
crédito continuam nervosas
quanto a abrir a carteira porque sua própria contabilidade ainda está desequilibrada.
Para quem tem como renegociar dívidas, em especial
imobiliárias, o corte (mesmo
pequeno) ajuda bastante.
Stuart calcula que um corte
de meio ponto percentual
em um empréstimo de 30
anos para uma casa de US$
100 mil significa US$ 31 de
ganho mensal para o dono.
Em Nova York, o mercado
imobiliário tenta manter o
otimismo. Michael Slattery,
vice-presidente do Conselho
Imobiliário de Nova York,
diz que ainda espera um efeito positivo do corte dos juros
neste mês e em fevereiro.
"A temporada de Natal é
sempre ruim para vendas.
Mas no começo do ano devemos ter um movimento melhor, especialmente em pequenas propriedades."
(AM)
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