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Grupo egípcio confirma oferta pela Brasil Telecom
Orascom diz que Telecom Italia avalia proposta
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da operadora
egípcia Orascom Telecom, Naguib Sawiris, confirmou ontem
a intenção de comprar a Brasil
Telecom, como antecipou ontem a Folha.
Segundo ele, uma oferta formal foi feita à Telecom Italia
pela sua fatia na operadora brasileira, responsável pela telefonia fixa das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul. Os italianos,
disse Sawiris, estão avaliando a
oferta.
A Orascom Telecom é o braço de telefonia do maior conglomerado egípcio, que reúne
investimentos da família Sawiris também nas áreas de construção civil e hoteleira.
Naguib Sawiris afirmou que
a Orascom fez só uma oferta
-aos italianos - pela Brasil
Telecom. Mas a Folha apurou
que a empresa fez propostas
verbais a outros sócios da Telecom Italia no bloco de controle
da Brasil Telecom: Citigroup,
fundos de pensão e Opportunity. Todos foram procurados
nesta semana.
Os diálogos incluíram ainda
a fatia que o Citi e os fundos detêm na Telemar e na Telemig.
A Orascom é uma companhia aberta, com as ações negociadas em Bolsa. Se admitir que
foram feitas propostas verbais,
terá de revelar o valor ao mercado. Ou seja, acabaria em desvantagem, uma vez que Citi e
fundos também querem a Brasil Telecom.
Conforme a Folha revelou
ontem, ambos fizeram uma
proposta de US$ 450 milhões,
cerca de R$ 950 milhões, para
levar as ações da Telecom Italia
na Brasil Telecom.
Interlocutores ligados aos
fundos de pensão e ao Citi admitiram que conversarão com
a Orascom, mas não descartam
a hipótese de criar um eixo de
telefonia 100% brasileiro, a
partir da união da Brasil Telecom com a Telemar - maior
tele brasileira, onde fundos e
Citi também são sócios.
O governo está dividido em
relação ao assunto. O motivo é
que seria necessário mudar a
legislação brasileira, que não
permite aos mesmos grupos
participarem do controle de
duas concessionárias de telefonia que atuem em regiões diferentes.
Uma alteração na lei teria de
ser coordenada pelo Executivo
ou, em última instância, ocorrer por decreto presidencial. É
aí que o governo racha: conselheiros do presidente Lula
acreditam que não seria bom
para a imagem dele assinar um
decreto que beneficiaria a Telemar depois de ela ter adquirido a Gamecorp, empresa do filho do presidente.
Essa vertente acredita que a
vinda da Orascom seria boa para o governo, pois significaria o
primeiro grande investimento
árabe no país. Além disso, a
Orascom é um dos maiores
clientes do Citi no Oriente Médio, o que ajudaria a resolver o
imbróglio na Brasil Telecom.
Desde 2001 os quatro principais sócios da operadora - Telecom Italia, Citigroup, fundos
de pensão e Opportunity - disputam o controle da empresa.
Até o fechamento desta edição, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não confirmou
à Folha se pediu explicações à
Brasil Telecom, à Telemar e à
Telemig sobre as conversas entabuladas com a Orascom.
Ao longo da semana, as ações
da Brasil Telecom foram uma
das que mais oscilaram na Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo). Depois de terem despencado no início da semana,
elas foram as que mais se valorizaram ontem.
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