São Paulo, sábado, 03 de março de 2007

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Grupo egípcio confirma oferta pela Brasil Telecom

Orascom diz que Telecom Italia avalia proposta

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da operadora egípcia Orascom Telecom, Naguib Sawiris, confirmou ontem a intenção de comprar a Brasil Telecom, como antecipou ontem a Folha.
Segundo ele, uma oferta formal foi feita à Telecom Italia pela sua fatia na operadora brasileira, responsável pela telefonia fixa das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul. Os italianos, disse Sawiris, estão avaliando a oferta.
A Orascom Telecom é o braço de telefonia do maior conglomerado egípcio, que reúne investimentos da família Sawiris também nas áreas de construção civil e hoteleira.
Naguib Sawiris afirmou que a Orascom fez só uma oferta -aos italianos - pela Brasil Telecom. Mas a Folha apurou que a empresa fez propostas verbais a outros sócios da Telecom Italia no bloco de controle da Brasil Telecom: Citigroup, fundos de pensão e Opportunity. Todos foram procurados nesta semana.
Os diálogos incluíram ainda a fatia que o Citi e os fundos detêm na Telemar e na Telemig.
A Orascom é uma companhia aberta, com as ações negociadas em Bolsa. Se admitir que foram feitas propostas verbais, terá de revelar o valor ao mercado. Ou seja, acabaria em desvantagem, uma vez que Citi e fundos também querem a Brasil Telecom.
Conforme a Folha revelou ontem, ambos fizeram uma proposta de US$ 450 milhões, cerca de R$ 950 milhões, para levar as ações da Telecom Italia na Brasil Telecom.
Interlocutores ligados aos fundos de pensão e ao Citi admitiram que conversarão com a Orascom, mas não descartam a hipótese de criar um eixo de telefonia 100% brasileiro, a partir da união da Brasil Telecom com a Telemar - maior tele brasileira, onde fundos e Citi também são sócios.
O governo está dividido em relação ao assunto. O motivo é que seria necessário mudar a legislação brasileira, que não permite aos mesmos grupos participarem do controle de duas concessionárias de telefonia que atuem em regiões diferentes.
Uma alteração na lei teria de ser coordenada pelo Executivo ou, em última instância, ocorrer por decreto presidencial. É aí que o governo racha: conselheiros do presidente Lula acreditam que não seria bom para a imagem dele assinar um decreto que beneficiaria a Telemar depois de ela ter adquirido a Gamecorp, empresa do filho do presidente.
Essa vertente acredita que a vinda da Orascom seria boa para o governo, pois significaria o primeiro grande investimento árabe no país. Além disso, a Orascom é um dos maiores clientes do Citi no Oriente Médio, o que ajudaria a resolver o imbróglio na Brasil Telecom.
Desde 2001 os quatro principais sócios da operadora - Telecom Italia, Citigroup, fundos de pensão e Opportunity - disputam o controle da empresa.
Até o fechamento desta edição, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não confirmou à Folha se pediu explicações à Brasil Telecom, à Telemar e à Telemig sobre as conversas entabuladas com a Orascom.
Ao longo da semana, as ações da Brasil Telecom foram uma das que mais oscilaram na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Depois de terem despencado no início da semana, elas foram as que mais se valorizaram ontem.


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