São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Indústria aquecida não afeta preços, diz Fiesp

Em suas últimas manifestações, o Banco Central tem demonstrado uma grande preocupação com o crescimento do nível de utilização da capacidade instalada da indústria, o chamado Nuci, e o impacto desse indicador sobre a inflação.
A tese é a de que o Nuci estaria atingindo o seu máximo potencial e, assim, a indústria não teria capacidade para atender a esse crescente aumento da demanda interna e isso resultaria em pressões inflacionárias. A conseqüência seria um aperto da política monetária. O Banco Central poderia voltar a subir a taxa básica de juros.
O departamento de Pesquisas e Estados Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) decidiu fazer um estudo para avaliar a relação entre o Nuci e a taxa de inflação.
A conclusão é que não há relação entre esses dois indicadores. Há períodos em que a expansão é conjunta, mas há períodos em que isso não acontece. Segundo o estudo, o câmbio é o principal fator para definir a inflação, muito mais importante do que o Nuci.
"O câmbio freia um eventual efeito sobre a inflação do crescimento do Nuci", diz Paulo Francini, diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Para chegar a essa conclusão, o departamento de economia da Fiesp selecionou quatro períodos distintos, de 1999 até hoje, nos quais ocorreram altas de um ponto percentual do Nuci: de julho de 1999 a julho de 2001; de dezembro de 2001 a janeiro de 2003; de julho de 2003 a julho de 2005; e de abril de 2006 a novembro de 2007.
Os resultados foram variados, como se vê no gráfico. Em todos eles, o Nuci se encontrava em expansão, mas só em dois períodos a inflação subiu (de dezembro de 2001 a janeiro de 2003 e de julho de 2003 a julho de 2005). A coincidência desses dois períodos foi o fato de a moeda (o real) ter sofrido um processo de desvalorização.
Nos outros dois períodos (de julho de 1999 a julho de 2001 e de abril de 2006 a novembro de 2007), nos quais a inflação se manteve estabilizada, a moeda se valorizou.
Dessa forma, o que o trabalho da Fiesp mostra é que é distinta a relação entre a inflação e o Nuci em tempos de desvalorização e valorização cambial.
Os períodos de expansão da economia com moeda apreciada geram respostas inflacionárias suavizadas, o que significa que os custos mais elevados não são repassados para os preços finais.
Já quando o nível da capacidade instalada está em expansão, mas a moeda (o real) está mais desvalorizado, é mais fácil o repasse dos custos industriais. Os motivos são a maior possibilidade de venda externa e a menor ameaça dos importados no mercado interno.
Diante disso, a conclusão do trabalho da Fiesp, na semana da reunião do Copom, é óbvia. "O Banco Central não tem necessidade de subir juros", diz Francini.

DISTRIBUIÇÃO

A Tallard, canal de distribuição do grupo Itautec, acaba de comprar a empresa colombiana A.C. Mayorista, distribuidora de produtos Apple, e instalou uma filial na Colômbia. O objetivo da operação é reforçar vendas dos produtos da Apple, já feitas pela A.C. Mayorista, e passar a atuar como distribuidora de valor agregado para produtos de infra-estrutura e convergência de TI no país. A previsão de receita no primeiro ano de operação da Tallard Colômbia é de US$ 8 milhões. A empresa já opera em Portugal, Espanha, EUA, México, Venezuela, Argentina, Chile e Equador.

ASAS
A socióloga Zil Miranda lançou o livro "O vôo da Embraer -A Competitividade Brasileira na Indústria de Alta Tecnologia" (editora Papagaio). A autora, que foca na história da Embraer nesse trabalho, faz também um panorama da indústria aeronáutica brasileira. Miranda aborda a posição da empresa na associação ao governo chinês e na disputa por mercados, superando até a Bombardier.

DISPUTA
A quarta turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro julgou improcedente o pedido de indenização de R$ 20 milhões requerido pelo mestre-cervejeiro Robert Gebhardt à AmBev. Ainda cabe recurso. O ex-funcionário afirma ter se tornado alcoólatra após trabalhar por 16 anos na fábrica da Brahma. A empresa diz que o alcoolismo só teria aparecido nove anos depois de seu desligamento da função. O mestre-cervejeiro tem a função de experimentar o produto em várias fases da sua produção.

PROGRAMAÇÃO
Apesar das negociações para a compra da Brasil Telecom pela Oi, a operadora continua investindo em novos negócios e vai inaugurar no dia 27 um centro de cultura e lazer em Brasília, o Espaço Brasil Telecom.

ENERGIA
Cyro Boccuzzi, ex-vice-presidente da AES Eletropaulo, foi contratado pela Andrade & Canellas Consultoria para dar assistência executiva a João Carlos de Oliveira Mello, presidente da empresa.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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