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AIG tem prejuízo de US$ 61,7 bi e receberá mais US$ 30 bi
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No dia em que a AIG (American International Group)
anunciou prejuízo de US$ 61,7
bilhões no último trimestre de
2008, o maior registrado por
uma empresa na história dos
Estados Unidos, e que o governo de Barack Obama confirmou que despejará mais US$
30 bilhões na seguradora, a Casa Branca deixou a porta aberta
para futuras injeções de capital.
Segundo o porta-voz do governo obamista, Robert Gibbs,
eles estão "dispostos a considerar a possibilidade de que mais
dinheiro seja necessário". Sem
contar os US$ 30 bilhões de ontem, a gigante de seguros estatizada em setembro já levou
US$ 150 bilhões de dinheiro
público, ou três vezes o total
que o governo Obama pretende
gastar em diplomacia no mundo inteiro no ano que vem.
O novo aporte chega depois
da publicação do prejuízo recorde trimestral -US$ 460 mil
perdidos por minuto-, o quarto seguido num ano em que a
empresa perdeu US$ 99,3 bilhões. "A ação de hoje [ontem]
continua a permitir o processo
de reajustar a empresa de maneira ordenada", disse Gibbs.
"O Departamento do Tesouro e
outros sentiram que o risco sistêmico de não fazer nada era
simplesmente inaceitável."
A ajuda ocorre dias depois de
injeção semelhante no Citibank e é mais uma entre diversas ações do tipo em diversos
setores, sempre com valores
superlativos. Reforça a apreensão de analistas sobre se as iniciativas estatizantes detonadas
pelo governo de George W.
Bush e seguidas pelo de Barack
Obama até agora darão conta
de reverter o derretimento do
mercado financeiro.
Pelas reações do mercado
ontem, há dúvidas. O índice
Dow Jones da Bolsa de Nova
York rompeu o piso de 7.000
pontos pela primeira vez desde
abril de 1997, fechando em
6.763,29 pontos. O resultado
teve como pano de fundo um
coro crítico crescente ao jovem
governo, engrossado pela repercussão da tradicional carta
pública anual do megaempresário Warren Buffett.
Nela, o homem mais rico do
mundo segundo a "Forbes" diz,
entre outras coisas, que hoje
em dia é mais fácil um banco
arruinado e em sobrevida apenas por conta de injeções de dinheiro público ter acesso a crédito do que empresas sólidas e
com boa avaliação. "Não vou
discutir economia com Buffett", disse Gibbs, "mas é importante entender que estamos
tentando fazer as coisas de uma
maneira diferente da que vinha
sendo feita até agora."
Segundo o "Washington
Post" de ontem, crescem no
próprio governo dúvidas sobre
a capacidade de os dois comandantes da equipe econômica de
Obama (o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e o economista-chefe da Casa Branca,
Lawrence Summers) de lidar
efetivamente com tantos problemas ao mesmo tempo.
Segundo os relatos, a falta de
clareza quanto às intenções do
governo nos resgates financeiros preocupa o mercado. Os
dois dizem que a falta de detalhes é proposital e estratégica.
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