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Importações caem, e balança comercial volta a ter superávit
Compras externas tiveram queda de 30,9% no mês passado,
e exportações, de 20,9%; saldo positivo ficou em US$ 1,7 bi
Governo comemora o
resultado, pois em janeiro houve déficit de US$ 524 mi; no ano, saldo volta a ser positivo em US$ 1,2 bi
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial brasileira voltou a ter superávit em fevereiro, depois do déficit registrado em janeiro. O resultado,
que vai influenciar positivamente nas contas externas do
país, é consequência da queda
das importações. As exportações também caíram se comparadas com fevereiro de 2008,
mas em ritmo menor do que as
compras do exterior.
O saldo comercial de fevereiro foi de US$ 1,7 bilhão, mais do
que o dobro do superávit obtido
no mesmo mês do ano passado.
Na mesma comparação, as exportações caíram 20,9%, somando US$ 9,5 bilhões, enquanto as importações caíram
30,9%, para US$ 7,8 bilhões.
Para o governo, os números
do comércio exterior foram
motivo de comemoração por
mostrarem recuperação se
comparados aos de janeiro,
quando o saldo comercial foi
negativo em US$ 524 milhões.
Com o desempenho de fevereiro, a balança voltou a ter su
perávit no ano: US$ 1,2 bilhão.
"Há uma queda das exportações que reflete a crise mundial. Mas, olhando o dado de
mais curto prazo, há uma luz no
fim do túnel", disse o secretário
de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior,
Welber Barral.
Ele destacou outro dado que
considera positivo: em fevereiro, as quantidades de produtos
exportados caíram menos que
os preços, o que indica que os
exportadores conseguiram
manter seus clientes externos.
Em janeiro, houve o efeito contrário: a quantidade exportada
havia caído mais que o preço.
O vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de
Castro, destaca que o resultado
positivo de fevereiro é fruto das
quedas tanto nas exportações
quanto nas importações. Para
ele, a balança deste ano será superavitária em consequência
de menos importações -e não
de mais exportações.
"Na atual situação da economia mundial, em que muitos
países terão déficit comercial, o
superávit do Brasil já será um
bom resultado", disse Castro.
Ele espera resultado positivo
de US$ 17 bilhões neste ano.
A projeção média do mercado financeiro, segundo levantamento do Banco Central divulgado ontem, é de superávit comercial de US$ 13 bilhões neste
ano. Em 2008, a balança foi positiva em US$ 24,7 bilhões.
Petróleo e câmbio
Barral estima que a redução
no preço do petróleo foi um dos
principais motivos para a queda nas importações, respondendo por 11% do menor valor
importado.
A desvalorização cambial
ocorrida principalmente entre
outubro e novembro do ano
passado foi outro fator que puxou para baixo as compras do
exterior. Por causa dos contratos fechados com antecedência,
a redução demora para aparecer na balança comercial.
Para Castro, esse efeito foi
uma surpresa. Ele esperava desaceleração das importações a
partir deste mês. "Por causa da
taxa de câmbio, as importações
poderão cair até mais do que o
previsto no ano. Com isso, o
saldo comercial poderá ficar
maior do que no ano passado."
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