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POLÍTICA MONETÁRIA
BC eleva compulsório de 20% para 30% dos depósitos a prazo; objetivo é conter especulação com dólar
Governo aperta ainda mais o crédito
da Sucursal de Brasília
O Banco Central baixou ontem medida que
obriga os bancos a comprarem mais títulos
públicos. Segundo o BC, o
objetivo da medida é dificultar a
especulação no câmbio.
A norma, que retira dinheiro que
circula na economia, eleva de 20%
para 30% o percentual que os bancos devem recolher compulsoriamente ao BC sobre os depósitos a
prazo, como os CDBs (Certificados
de Depósito à Prazo).
O BC estima que a alta do compulsório vá retirar entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões em circulação
na economia.
A demanda por títulos públicos
irá aumentar nesse mesmo montante, ampliando o mercado cativo
para os papéis do governo.
Obrigando os bancos a comprar
mais títulos, o BC também espera
redução da pressão sobre o mercado de dólar. Haverá menos dinheiro nos bancos para comprar a
moeda norte-americana.
O compulsório subirá aos poucos. Na próxima sexta-feira, um
dia depois da posse prevista de Armínio Fraga no BC, irá para 26,5%.
Em 12 de março, o percentual atingirá 30%.
Com a medida, o BC está obrigando os bancos a comprarem
mais papéis do governo, pois esse
depósito compulsório é feito em títulos públicos.
Funciona assim: um banco recebe, por exemplo, R$ 100 milhões
em depósitos de CDB de seus
clientes. Pelas novas regras, esse
banco deverá reservar R$ 30 milhões para comprar títulos públicos, que ficarão retidos no BC.
O aumento do percentual de recolhimento compulsório diminui
o dinheiro em circulação na economia, pois os bancos ficam com
parcela menor para emprestar.
Pela regra antiga, os bancos deixavam retidos no BC 20% dos depósitos a prazo que recebiam de
seus clientes e ficavam com 80%
para emprestar.
Agora, os bancos vão deixar retidos 30% dos depósitos a prazo e
vão ficar com apenas 70% para
emprestar.
Teoricamente, como os bancos
têm menos recursos para emprestar, as taxas de juros dos empréstimos bancários tendem a subir. No
entanto, o BC minimiza esse efeito,
argumentando que o mercado de
crédito está praticamente parado.
A taxa de juros guarda relação
com o volume de dinheiro. Quando há mais dinheiro na economia,
os juros caem -e vice-versa.
Na prática, entretanto, a taxa não
deverá sofrer grande alta, pois os
bancos já estão com excesso de dinheiro em caixa.
A sobra de dinheiro no mercado
é estimada em R$ 25 bilhões, o que
obriga os bancos a negociarem
diariamente os recursos, em operações de curtíssimo prazo de
compra e venda de títulos com a
mesa de operações no BC.
Efeito significativo será sentido
na ampliação do mercado cativo
de títulos públicos federais. Com
isso, o BC terá menos dificuldade
para rolar a dívida interna que
vence em março.
A Fiesp acha que a decisão vai na
contramão do desejo do setor produtivo porque aumenta as pressões para a manutenção do nível
elevado das taxas de juros.
Clarice Seibel, diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), disse que a indústria já
trabalhava com a desconfiança de
que uma política monetária conservadora viesse a ser adotada.
"A atividade industrial continua
precisando de taxas juros competitivas, portanto muito mais baixas
do que as que estão no mercado e,
sobretudo, de condições mais favoráveis de financiamento."
Clarice Seibel disse "da mesma
forma como o Banco Central optou por uma política conservadora
quando da implantação do Plano
Real em 94, ele agora na implantação do novo regime cambial está
de novo apontando na direção do
conservadorismo."
Ela reconhece que a diminuição
da liquidez terá "um certo impacto
na fome por dólares", mas lamentou outros efeitos da medida.
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