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Dólar bate novo recorde apesar da atuação conjunta do BC e BB
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
Pelo segundo dia consecutivo, o
dólar bateu novos recordes contra
o real. Chegou a R$ 2,23, seu maior
valor desde a criação do real. Após
a intervenção conjunta do Banco
Central e do Banco do Brasil no
mercado à vista e futuro, terminou
o dia na cotação recorde de fechamento: R$ 2,16.
A desvalorização do real foi de
0,46% ontem e de 5,56% desde sexta-feira. Nessa conta, foi considerada a cotação de mercado no último negócio de cada dia, segundo a
NGO Corretora de Câmbio. Desde
o final do ano passado, o real perdeu 44% de seu valor contra a
moeda dos EUA.
"Preocupa o fato de o dólar ter sido negociado, durante muito tempo, em torno dos R$ 2,15. Seria negativo para o país se a moeda dos
Estados Unidos se estabilizasse
nesse novo patamar", diz o chefe
de mesa de interbancário de câmbio do Bicbanco, Marco Antônio
Dias.
A média ponderada divulgada
pelo Banco Central mostra que na
maior parte dos negócios, de cerca
de US$ 2,5 bilhões, o dólar ficou
próximo dos R$ 2,1308. A desvalorização do real contra a média de
anteontem foi de 4,81%.
"Mesmo determinado por um
movimento muito pequeno, o fortalecimento do dólar é terrível porque mexe com as expectativas", diz
Luiz Rabi, economista do Bicbanco. Ele projeta inflação acumulada,
medida pelo IGP-M, de 11% para
fevereiro, março e abril se o dólar
cair na metade deste mês para patamares entre R$ 1,80 e R$ 1,90.
A queda no dólar só aconteceria,
no entender de investidores, com
intervenções menos tímidas do
que as realizadas ontem pelo BC,
que teria gasto no máximo US$ 40
milhões. Seriam necessários no
mínimo US$ 300 milhões por dia
para suprir a demanda de um mercado pressionado pelo vencimento
de dívidas externas.
Ontem, por exemplo, o Unibanco teria comprado US$ 70 milhões
de US$ 130 milhões vencendo no
dia 5. Hoje, compraria os outros
US$ 60 milhões.
Segundo rumores, o BC teria sido autorizado pelo Fundo Monetário Internacional a gastar mais
no mercado de câmbio a partir de
hoje. No entender de especialista
de um banco estrangeiro, essa seria a melhor forma de impedir um
repique inflacionário, apesar de
representar uma perda maior de
reservas internacionais, o caixa em
moeda forte no país.
Subir os juros na reunião do Comitê de Política Monetária, amanhã, e depois no mercado por um
dia, o over, diz o especialista, teria
o efeito perverso de aumentar
mais a dívida pública mobiliária.
Cerca de 70% dessa dívida é indexada aos juros do over.
No mercado futuro, os juros explodiram. As taxas projetadas para
maio passaram de 50,60% ao ano
anteontem para 54,90% ao ano ontem. No over, o BC atuou e manteve os juros a 39% ao ano até o dia 8.
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