São Paulo, Quarta-feira, 03 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOEDA FORTE
Queda já atinge US$ 788 milhões desde o final de janeiro
Reservas externas caem para US$ 35,6 bilhões em fevereiro

da Sucursal de Brasília

As reservas em moeda estrangeira do Banco Central caíram US$ 275 milhões anteontem, na maior queda diária desde a adoção do câmbio flutuante, há 46 dias.
Em fevereiro, as reservas caíram de US$ 36,116 bilhões para US$ 35,603 bilhões. Anteontem, primeiro dia útil de março, as reservas registravam US$ 35,328 bilhões, sempre pelo conceito de liquidez internacional, que considera dólares disponíveis e créditos de médio e longo prazos.
A perda acumulada já soma US$ 788 milhões desde o final de janeiro, quando o BC passou a divulgar sua posição diária de reservas em moeda estrangeira.
A queda nas reservas é um sinal de que o BC vendeu moeda na quinta-feira passada para tentar segurar a cotação do dólar. A informação não é confirmada pela instituição, que decidiu manter segredo sobre suas intervenções.
Na quinta-feira passada, a cotação da moeda norte-americana chegou a atingir R$ 2,05, mas acabou recuando para R$ 2,03 na média do dia, aparentemente devido a vendas do BC.
Após a nova perda de dólares, sobraram ao BC pouco mais de US$ 6 bilhões para honrar os vencimentos do Tesouro e intervir no mercado de câmbio, caso não seja revista a cláusula do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que impõe um piso para as reservas do BC.
Pelo acordo, as reservas internacionais líquidas, que excluem os empréstimos recebidos em razão do acordo com o FMI, não podem ficar abaixo de US$ 20 bilhões. As reservas líquidas estão próximas de US$ 26 bilhões.
Os pagamentos oficiais deste ano somam US$ 12 bilhões, superando o montante que o acordo com o FMI autoriza o BC a gastar.
As intervenções do BC explicam, no máximo, metade da queda que as reservas registraram desde o final de janeiro.
Até agora, as reservas refletiram intervenções do BC em apenas três dias, quando caíram US$ 379 milhões, pois as vendas de moeda são liquidadas 48 horas depois de fechadas as operações.
A queda nos demais dias é atribuída a pagamentos diretos da dívida externa do Tesouro ao exterior e por baixas nas cotações das moedas que compõem as reservas.
As reservas brutas incluem os US$ 9,324 bilhões ligados ao acordo com o FMI que foram liberados em dezembro passado.
Em julho do ano passado, antes da moratória russa, as reservas somavam US$ 70,21 bilhões, pelo conceito de liquidez internacional.
A maior parte da queda se deve a vendas do BC para defender o antigo regime de bandas cambiais, substituído em 15 de janeiro passado pelo regime de flutuação livre.
O BC passou 38 dias sem vender moeda. Na semana passada, começou a fazer intervenções limitadas para atenuar oscilações excessivas da cotação do dólar.


Texto Anterior: "Déficit menor repõe confiança no Brasil"
Próximo Texto: Empresas tentam rolar dívida externa dando mais garantias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.