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CRÉDITO ESCASSO
Instabilidade da economia dificulta financiamentos
Empresas tentam rolar dívida externa dando mais garantias
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
Empresas brasileiras com dívida
no exterior estão tentando rolar
seus débitos oferecendo novas garantias e contratando seguros para
tranquilizar os credores. Mas nem
o esforço dos devedores está sendo
suficiente para quebrar a resistência ao risco de aplicar no Brasil.
"Mesmo com novos seguros e
garantias, está muito difícil negociar a rolagem de dívida porque,
nesse momento, a maioria dos investidores não está interessada no
Brasil", diz Felipe Pontual, da corretora do BBA, em Nova York.
Como a desconfiança sobre a
economia brasileira é muito grande, os investidores esperam o vencimento das dívidas para receber o
acertado, sem negociar a renovação dos contratos.
Existem algumas tentativas de
renegociação em andamento. São
exceções e incluem termos de negociação rigorosos, como na década de 80, quando a imagem do país
no exterior era muito ruim.
O BankBoston está negociando a
rolagem de dívidas de cinco empresas, com valores que vão de
US$ 50 milhões a US$ 1 bilhão.
Em cada caso, está acertada uma
estratégia diferente. Uma das formas mais comuns é contratar um
seguro que cubra eventuais perdas
com "risco político", como a adoção de um limite para retirada de
dólares do país ou uma moratória.
"As negociações são mais fáceis
no caso de multinacionais ou de
empresas com sócios estrangeiros", diz Claudio Citrin, diretor do
BankBoston.
As matrizes dessas empresas têm
oferecido as chamadas "linhas de
liquidez". Trata-se de uma garantia de que se a filial não puder pagar o que deve, a matriz terá verba
assegurada para cobrir a dívida.
Também há opção de diluir o risco. Os credores rolam apenas parte
da dívida, como ocorreu com a
VBC Energia, que renovou US$
200 milhões de um débito de US$
400 milhões, no final de 98. A Elektro rolou um débito de US$ 500
milhões contratando um seguro
contra o "risco político" do país.
A estratégia de dar mais concessões tem seus limites. É difícil levantar junto às seguradoras cobertura total para os débitos da empresa. Além disso, só um grupo
muito restrito de companhias consegue renegociar com os credores.
Empresas brasileiras que não
têm sócios fora do Brasil não têm
atraído o interesse dos investidores. Só resta a alternativa de quitar
o débito no exterior.
Segundo Alfred Dangoor, diretor
do Citibank, a situação pode ser inverter nos próximos meses. O Citibank está renegociando dívidas
dos clientes no valor de US$ 2 bilhões, que vencem nos próximos
cinco meses.
"Boa parte dos clientes está preferindo quitar as dívidas. Quem
quiser rolar os débitos terá boa
chance de dar certo", diz Dangoor.
A expectativa é que, na medida em
que a economia se estabilize, a
oferta de crédito volte.
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