São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2001

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PORTO

Trabalhadores de Santos vão definir se aceitam proposta da Justiça para negociar durante 30 dias escala de trabalho

Briga entre estivadores e PM deixa 8 feridos

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Policiais militares dão proteção a área do porto de Santos para o descarregamento de navios


FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Um confronto entre estivadores e a Polícia Militar no final da tarde de ontem transformou o porto de Santos em um campo de batalha. Pelo menos 60 pessoas foram detidas e oito ficaram feridas.
É o segundo conflito entre trabalhadores e a PM desde terça-feira passada, quando começou a paralisação da categoria.
O confronto ocorreu na avenida Portuária, a principal do porto, em frente ao armazém 35 da empresa Libra, que tinha uma liminar para operar um navio.
Como os estivadores haviam ocupado o terminal da empresa, a Polícia Militar invadiu o local atirando com balas de borracha e usando bombas de gás.
Os estivadores reagiram atirando pedras e rojões nos policiais. Até o início da noite, a polícia não tinha informações de quantas pessoas ficaram detidas.
O pronto-socorro municipal também fazia o atendimento das pessoas, mas não havia confirmações sobre feridos graves.
No primeiro confronto, ocorrido há uma semana, três estivadores e um policial ficaram feridos.

Rumo
O rumo da greve dos estivadores e trabalhadores de bloco do porto de Santos (SP) será definido hoje, de acordo com a decisão que as categorias adotarem em relação à proposta formulada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) durante audiência de conciliação ontem à tarde na sede do tribunal, em São Paulo.
Se os trabalhadores aceitarem a proposta do tribunal, a greve será suspensa por 30 dias, prazo para que seja negociada com o Ministério Público do Trabalho e com o Ogmo (Órgão Gestor da Mão-de-Obra) uma nova metodologia de escalação para os serviços nos navios.
Caso a proposta seja rejeitada, o tribunal dará uma decisão sobre o caso, em julgamento marcado para as 17h de hoje.
O Ministério Público, autor da ação que resultou na transferência da escala para o Ogmo -motivo da greve-, aceitou a proposta. Até as 18h de ontem, os sindicalistas não sabiam se promoveriam assembléias à noite ou hoje para decidir sobre o assunto.

Prazo final
Os dois sindicatos têm prazo até as 16h de hoje para dar uma resposta ao tribunal. Na última quinta, o Tribunal do Trabalho já havia concedido liminar (decisão provisória) ao Ministério Público na qual determinava a volta dos estivadores ao trabalho, ordem que os trabalhadores não acataram.
De acordo com a proposta, durante os 30 dias de negociação de novos métodos de escalação, o Ogmo seria o responsável pela distribuição do trabalho aos estivadores e trabalhadores de bloco. O Ogmo se diz em condições de iniciar imediatamente a escala, em poder do sindicato há 65 anos.

Solidariedade
A Intersindical, organismo que congrega 19 sindicatos de portuários, decidiu deflagrar uma greve de todas as categorias em solidariedade aos estivadores.
A decisão deveria ser ratificada em assembléia conjunta marcada para a noite de ontem na praça Mauá, no centro de Santos.
Os caminhoneiros autônomos da Baixada Santista passaram a dar apoio por meio do boicote às cargas armazenadas nos terminais da área portuária.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos, Heraldo Gomes de Andrade, disse que os caminhoneiros deixaram ontem de retirar contêineres dos recintos alfandegados.
A Codesp (estatal administradora do porto) teve de recorrer à empresa Bandeirante para que não houvesse corte de fornecimento de energia na faixa do cais.
Na noite de domingo, uma torre de transmissão das linhas de transmissão de energia do porto tombou porque teve a base serrada.
O presidente do Sindicato dos Estivadores, Vanderlei José da Silva, negou que a suposta ação de sabotagem tivesse sido promovida por trabalhadores.



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