|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Crescimento do emprego gera alívio na Casa Branca
ANDREW BALLS
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON
O forte crescimento no emprego em março dá ao governo do presidente George W.
Bush as boas notícias pelas quais
este vinha esperando. Em um ano
eleitoral no qual o fraco crescimento do emprego se tornou um
tema crucial, o fato de que a economia norte-americana tenha
criado 308 mil novos postos de
trabalho no mês passado gerou
alívio na Casa Branca.
Para os investidores e para o Federal Reserve (Fed, banco central
dos Estados Unidos), o forte crescimento em março muda tudo e
ao mesmo tempo muda nada.
Da mesma forma que os números mais fortes para as folhas de
pagamentos podem alterar o debate político, podem também
mudar a maneira pela qual os
analistas e as autoridades encaram a recuperação econômica.
No entanto, uma melhora sustentada no crescimento do emprego serve basicamente para
confirmar que os demais indicadores que apontam uma recuperação saudável em curso merecem confiança. Nos últimos meses, diversos indicadores econômicos apontaram que o consumo
e a produção industrial estavam
fortes. As empresas interromperam suas demissões em larga escala. A peça que faltava era uma
recuperação no crescimento do
nível de emprego.
Economistas de Wall Street, como seus colegas em Washington,
previram repetidamente que uma
melhora nos números do emprego estava a caminho. Decepcionaram-se repetidas vezes. Um crescimento notavelmente forte da
produtividade implicou que as
empresas conseguissem atender à
procura elevada dos consumidores sem aumentar em muito suas
folhas de pagamento.
Além dos 308 mil empregos
criados em março, mais que o dobro do número que Wall Street
esperava, o Departamento do
Trabalho revisou os números de
janeiro e fevereiro e os elevou em
87 mil postos de trabalho abertos.
A média de 171 mil postos de
trabalho mensais abertos desde o
começo do ano fica bem abaixo
do nível de 200 mil a 250 mil que
se poderia antecipar com base em
experiências passadas. Mas, se a
tendência se mantiver, ela marcaria uma virada decisiva, depois de
meses de decepção. Gregory
Mankiw, presidente do Conselho
de Assessores Econômicos da Casa Branca, disse que os números
de março sobre o emprego e as revisões quanto aos meses anteriores confirmam as demais estatísticas: a economia está nos trilhos
para uma recuperação robusta.
Desde agosto, a economia dos
EUA criou quase 760 mil novas
vagas, e até agora foram registrados sete meses consecutivos de
aumentos no nível de emprego.
"A economia sempre se recupera aos solavancos, e esses solavancos podem desconcertar as pessoas. Mas, ao que parece, a economia reverteu sua queda mais ou
menos na metade de 2003. Continua a haver muita capacidade
ociosa e número excessivo de pessoas à procura de emprego. Mas a
economia está nos trilhos", disse
Mankiw. O Fed apontou para a
baixa inflação, o crescimento fraco do emprego e a frouxidão da
economia como motivo para
manter a taxa básica de juros
americana em 1% e sinalizou que
não tem pressa de elevar os juros.
Um crescimento mais forte no
emprego mudará a forma pela
qual os investidores e os dirigentes do Fed encaram a economia,
na opinião de Mickey Levy, economista-chefe do Bank of America. "É um marco histórico."
"Minha perspectiva econômica
mudou? Não, continuo esperando crescimento sólido. A percepção do mercado mudou? Sim, inequivocamente. O mercado e o Fed
talvez comecem a encarar os dados econômicos sob uma luz diferente", afirma.
Os dirigentes do Federal Reserve sinalizaram que as taxas de juros não podem ser mantidas em
1% indefinidamente, em discursos de executivos da instituição e
por meio de alterações no comunicado de política monetária do
comitê federal de open market.
No entanto, os economistas dizem que os números fracos sobre
o mercado de trabalho em fevereiro impediram o banco central
de tomar providências concretas
em sua última reunião.
Em pronunciamento feito nesta
semana, Donald Kohn, presidente de uma das divisões regionais
do Fed, disse que "alguns analistas sugerem que os rendimentos
dos papéis do Tesouro deveriam
estar um pouco mais altos, e não
podemos descartar a possibilidade de aumento nos juros de longo
prazo assim que os mercados de
trabalho começarem a ganhar
força de modo convincente".
Tradução de Paulo Migliacci
Texto Anterior: Luís Nassif: Software livre e Microsoft Próximo Texto: Frases Índice
|