São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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TROCA DE COMANDO

Presidente do banco e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmam que política monetária não muda

Lula assegura autonomia do BC, diz Meirelles

Antonio Lacerda/EFE
PRECAUÇÃOPolicial detona com 10 g de explosivos bolsa encontrada em banheiro do Expominas, que abriga a reunião do BID, em Belo Horizonte; apesar de a bolsa estar vazia, o padrão é explodir, diz a PF


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

MARCELO BILLI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em encontro com analistas de mercado e representantes de bancos, em Belo Horizonte, que a independência da instituição é uma garantia dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Meirelles afirmou que tudo permanecerá como desde o início da gestão petista no governo federal.
Ao final de palestra, questionado sobre a reunião que teve na semana passada com Lula sobre a relação do BC com os ministérios do Planejamento e da Fazenda, agora gerido por Guido Mantega, reafirmou o que havia acabado de falar aos dirigentes de bancos.
"O presidente Lula, desde o início da gestão, tem assegurado autonomia do BC para suas decisões. E isso é um processo que tem continuado normalmente, e foi o que eu expliquei hoje [ontem] para o plenário", disse Meirelles, sobre sua fala promovida pelo Instituto Internacional de Finanças. O encontro do órgão, que agrega os grandes bancos internacionais, acontece paralelamente à reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
"E mencionei também que isso é um processo bem-sucedido. Porque o nível de inflação, que é a principal medida, quase que a única medida de fato para medir o desempenho do Banco Central, tem se aproximado paulatinamente do centro das metas, o que faz com que isso seja uma demonstração de que é uma política monetária bem-sucedida."
Ontem, a Folha publicou que Lula decidiu abandonar a pressão para que o BC acelere o corte dos juros e estuda tirar da gaveta projeto que concede autonomia formal ao órgão, se houver tensão no mercado financeiro.
Ouvinte da palestra feita pelo presidente do BC, o economista Luiz Fernando Figueiredo, analista do banco norte-americano JP Morgan, disse ser "verdadeira" a colocação feita por Meirelles.
"A separação do Banco Central foi para dirimir quaisquer dúvidas. Foi para deixar claro que não mudará a política monetária e cambial, vai manter a mesma coisa. Isso é muito importante."
Segundo o analista, "no curto prazo, o mercado vai digerir" bem essa questão. Haverá dúvidas, afirmou ele, por causa de um eventual segundo mandato do presidente petista.

Dilma
Mais tarde, na reunião do BID, mais uma afirmação sobre a manutenção da atual política foi feita, dessa vez pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "Acredito que a política econômica é do governo e, assim sendo, tem a continuidade. Agora, você tem estilos diferenciados, e estilos diferenciados não alteram a substância da política, ela se mantém."
Segundo ela, a "trajetória das perspectivas de crescimento" será mantida, bem como os "investimentos, o controle da inflação, o aumento de emprego e a política de metas de superávit". "Juro é do Banco Central. A política do BC, portanto, está mantida."
E, sobre os rumos dos juros, diante de uma inflação controlada, Meirelles disse que essa é uma indagação que exige "qualificação, na medida em que o BC não anuncia evolução de taxa de juros, principalmente no que diz respeito a suas próprias decisões".
Ele argumentou que o BC não faz previsão para juros, com exceção de tendências de longo prazo. "Isto é, eu não falo absolutamente no curto prazo."
"Se olharmos a longo prazo, vamos ver que a taxa de juros real média do mercado -mercado esse medido pelas operações futuras de um ano, que é um bom indicador-, que as taxas reais médias têm caído nos últimos anos. E concluímos que, à medida que a política macroeconômica seja mantida nesses termos, que a inflação continua convergindo para as metas e se ancore firmemente nas metas, que a relação dívida/ PIB continue caindo, certamente haverá condições de os juros de mercado continuarem caindo."


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