São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Bolsa avança apesar de desânimo nos EUA

Otimismo sobre final da crise no setor financeiro diminuiu após fala de Ben Bernanke, do Fed, que admitiu risco de recessão

Bovespa fechou pregão em alta de 0,94%, puxada pelas ações da Petrobras; em NY, índice Dow Jones registrou queda de 0,38% ontem


DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O otimismo em relação a um desfecho para a crise nos EUA, que empolgou os investidores na terça-feira, continuou ecoando no mercado financeiro ontem, porém já dava sinais de enfraquecimento. Wall Street desanimou no final do dia, mas, apesar disso, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu sustentar até o encerramento dos negócios a elevação que exibia desde a abertura, fechando em alta de 0,94%, aos 63.364 pontos. O dólar comercial teve queda de 1,03%, vendido a R$ 1,727.
As ações da Petrobras foram as que puxaram o Ibovespa, principal índice da Bolsa paulista. As preferenciais (PN) tiveram valorização de 2,65%, a R$ 77,77, e as ordinárias (ON) ganharam 2,39%, a R$ 93,50. Quanto às da Vale, os investidores corrigiram um pouco os seus preços devido às incertezas sobre os preços das commodities. Espera-se que eles caiam um pouco com uma recessão na economia americana, mas continuem em patamar elevado, já que China e outros emergentes devem continuar crescendo. Os papéis PN da mineradora recuaram 1,15%, para R$ 51,30, e os ON caíram 1,05%, a R$ 61,10.
O que pesou na Bolsa de Nova York foi o testemunho de Ben Bernanke, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano), a um comitê do Congresso. Pela primeira vez, ele admitiu que existe possibilidade de os EUA entrarem em recessão já neste primeiro semestre.
O aumento dos preços do petróleo -o barril subiu 3,81%, para US$ 104,83- contribuiu para desalentar mais os investidores e definir a tendência dos mercados. O índice Dow Jones teve uma baixa de 0,38% e a Nasdaq (onde se negociam ações de empresas de tecnologia) caiu 0,06%.
O esmorecimento tão rápido indica que imaginar que as turbulências estão perto do fim é precipitado, como alguns economistas alertavam. "A crise não acabou", afirma André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora. "Surgiu uma luz no final do túnel. É importante que os bancos comecem a mostrar os seus prejuízos com as hipotecas e digam que vão buscar maneiras de captar recursos para cobrir as perdas. Ontem [anteontem], o UBS e o Lehman Brothers fizeram isso, e foi muito bem aceito. Porém, ainda há muito por fazer. A volatilidade persiste."
Agora, as atenções serão concentradas nos indicadores econômicos americanos. Amanhã sai o índice de atividade no setor de serviços, e na sexta-feira saem os números do mercado de trabalho.
"Para o Brasil, as perspectivas seguem bastante positivas. A economia vai bem, e as companhias nacionais, idem. O governo só precisa gastar menos", comenta Segadilha.

Estratégia
O momento em que o mercado financeiro começa a apostar numa recuperação de crise pode trazer boas oportunidades de compra de ações, segundo especialistas. Após semanas de quedas, alguns papéis estão com preços atraentes e podem vir a integrar a carteira do pequeno investidor.
A dica dos gestores é, primeiro, escolher empresas grandes e sólidas, cujas perspectivas de lucros não tenham sido muito afetadas. "O interessado deve pensar em construir um portfólio de longo prazo, ou seja, ficar com as ações no mínimo um ano", alerta Segadilha. "No curto prazo, ainda estamos sujeitos a oscilações, que costumam assustar. Como não sabe distinguir a hora de entrar na Bolsa e sair, o pequeno pode se intimidar com algum solavanco e acabar tendo prejuízos."


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