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Entrada de dólares é a maior em 8 meses
Mesmo com turbulências financeiras, fluxo de capital externo atingiu US$ 8 bi em março, puxado pelo comércio exterior
Mês de março foi responsável por quase todo o saldo do ano, de US$ 8,9 bi, abaixo dos US$ 17,4 bi registrados no 1º trimestre do ano passado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das turbulências que
a crise norte-americana trouxe
aos mercados internacionais, o
fluxo de capital externo recebido pelo Brasil se mantém positivo. Em março, o ingresso líquido de divisas no país ficou
em US$ 8,051 bilhões, o mais
elevado desde julho do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central.
O resultado de março responde por quase todo o saldo
positivo acumulado neste ano,
que ficou em US$ 8,940 bilhões, abaixo dos US$ 17,394 bilhões observados nos três primeiros meses de 2007.
Quase todo o resultado do
mês passado é explicado pelo
desempenho do comércio exterior. Em março, as operações
de compra e venda de dólares
feitas por exportadores e importadores resultaram na entrada de US$ 6,663 bilhões no
Brasil, 150% a mais do que o valor apurado em fevereiro.
Para Darwin Dib, economista do Unibanco, os números
chamam a atenção porque contrastam com o saldo da balança
comercial divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento,
que, no último mês foi de US$
1,012 bilhão.
A diferença está no critério
utilizado, já que o BC considera
o momento em que o importador ou exportador fechou o
contrato de câmbio, enquanto
o ministério usa como parâmetro o dia em que a mercadoria
foi embarcada ou recebida pela
empresa.
"Essa discrepância é uma indicação de que os exportadores
estão antecipando a contratação do câmbio, provavelmente
devido a uma expectativa de
apreciação do câmbio", diz Dib.
Em março, o dólar subiu 3,67%,
e as empresas que julgaram essa alta como sendo temporária
podem ter aproveitado para
vender a moeda dos EUA antecipadamente, numa cotação
mais favorável.
Se as operações de comércio
exterior fossem descontadas do
fluxo de capital para o Brasil, o
saldo de março teria sido de
US$ 1,388 bilhão. O número se
refere às chamadas transações
financeiras e consideram, entre
outros itens, investimentos estrangeiros, pagamentos da dívida externa e remessas de lucros
para o exterior.
Nas duas primeiras semanas
de março, essas operações financeiras haviam sido responsáveis por um ingresso de US$
7,133 bilhões, valor atipicamente alto para o período. Na
ocasião, o fluxo de divisas foi
influenciado pela alíquota de
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) que passaria a incidir, no dia 17, sobre os investimentos estrangeiros em títulos
de renda fixa negociados no
mercado brasileiro.
Como o governo anunciou
essa cobrança com antecedência, alguns investidores anteciparam as aplicações para fugir
da nova tributação, o que inflou
o fluxo de dólares registrado na
metade do mês passado. Os números do BC indicam que, na
segunda quinzena de março, a
situação se normalizou.
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