São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Entrada de dólares é a maior em 8 meses

Mesmo com turbulências financeiras, fluxo de capital externo atingiu US$ 8 bi em março, puxado pelo comércio exterior

Mês de março foi responsável por quase todo o saldo do ano, de US$ 8,9 bi, abaixo dos US$ 17,4 bi registrados no 1º trimestre do ano passado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das turbulências que a crise norte-americana trouxe aos mercados internacionais, o fluxo de capital externo recebido pelo Brasil se mantém positivo. Em março, o ingresso líquido de divisas no país ficou em US$ 8,051 bilhões, o mais elevado desde julho do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central.
O resultado de março responde por quase todo o saldo positivo acumulado neste ano, que ficou em US$ 8,940 bilhões, abaixo dos US$ 17,394 bilhões observados nos três primeiros meses de 2007.
Quase todo o resultado do mês passado é explicado pelo desempenho do comércio exterior. Em março, as operações de compra e venda de dólares feitas por exportadores e importadores resultaram na entrada de US$ 6,663 bilhões no Brasil, 150% a mais do que o valor apurado em fevereiro.
Para Darwin Dib, economista do Unibanco, os números chamam a atenção porque contrastam com o saldo da balança comercial divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, que, no último mês foi de US$ 1,012 bilhão.
A diferença está no critério utilizado, já que o BC considera o momento em que o importador ou exportador fechou o contrato de câmbio, enquanto o ministério usa como parâmetro o dia em que a mercadoria foi embarcada ou recebida pela empresa.
"Essa discrepância é uma indicação de que os exportadores estão antecipando a contratação do câmbio, provavelmente devido a uma expectativa de apreciação do câmbio", diz Dib. Em março, o dólar subiu 3,67%, e as empresas que julgaram essa alta como sendo temporária podem ter aproveitado para vender a moeda dos EUA antecipadamente, numa cotação mais favorável.
Se as operações de comércio exterior fossem descontadas do fluxo de capital para o Brasil, o saldo de março teria sido de US$ 1,388 bilhão. O número se refere às chamadas transações financeiras e consideram, entre outros itens, investimentos estrangeiros, pagamentos da dívida externa e remessas de lucros para o exterior.
Nas duas primeiras semanas de março, essas operações financeiras haviam sido responsáveis por um ingresso de US$ 7,133 bilhões, valor atipicamente alto para o período. Na ocasião, o fluxo de divisas foi influenciado pela alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que passaria a incidir, no dia 17, sobre os investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa negociados no mercado brasileiro.
Como o governo anunciou essa cobrança com antecedência, alguns investidores anteciparam as aplicações para fugir da nova tributação, o que inflou o fluxo de dólares registrado na metade do mês passado. Os números do BC indicam que, na segunda quinzena de março, a situação se normalizou.


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