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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Indústria se arrasta pelo fundo do poço, afirma consultoria
O resultado da indústria de
fevereiro, divulgado nesta semana, indica que a atividade do
setor segue no fundo do poço. A
análise é da consultoria MB Associados, que já projeta uma retração de 4,5% na atividade industrial deste ano comparada
com a de 2008.
Em fevereiro, a produção industrial se retraiu em 17% em
relação ao mesmo mês do ano
passado, repetindo o resultado
de janeiro. Nos dois primeiros
meses do ano, no entanto, a expansão ante o mês anterior foi
de cerca de 2%.
Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB, os dados
não indicam uma recuperação,
mas um indício de que a indústria vai demorar para atingir os
patamares de produção que tinha antes da crise.
Para ele, o desempenho ruim
do setor vai refletir em um resultado negativo do PIB do país
nos três primeiros meses do
ano. A MB aguarda os dados de
março para revisar sua projeção, mas já espera uma queda
de cerca de 3% no PIB do primeiro trimestre em relação ao
mesmo período de 2008.
Para a MB, esse resultado
ruim dará o tom para o PIB do
ano todo. "A tendência, com isso, é de fato termos PIB negativo neste ano", informa a consultoria em relatório.
Vale ressalta, no entanto, que
a possibilidade de o crescimento da economia ficar abaixo de
zero neste ano será negada pelo
governo "veementemente até o
fim", por se tratar de um ano
pré-eleitoral. Hoje, a projeção
do governo é de crescimento de
2% da economia em 2009.
"Não tem a mínima condição
de o país atingir esse número
[projeção oficial]", afirma Vale.
A contração da economia
brasileira promoverá aumento
do desemprego, desaceleração
do crescimento da renda e expansão menor de pessoas para
a classe média, segundo Vale.
Para ele, a classe média sofrerá mais que a de baixa renda
com a retração da economia, já
que sente mais forte o impacto
do desemprego. A população de
baixa renda também conta com
a proteção do salário mínimo e
de programas de complementação de rendimentos do governo, como o Bolsa Família, para
não perder renda.
"Veremos uma situação em
que a classe baixa se sustentará,
mas a média não", afirma.
ASSÉDIO
A agência Samba, especializada em marketing promocional, vai contratar 20 profissionais e investir na busca de
clientes. A ideia de Fábio Brandão, novo diretor-geral, é
"gastar sola de sapato, botar o pé na rua" e visitar clientes,
percebendo onde há demanda. "Se a crise está mal, olhamos
o mercado e identificamos quem está aquecido." Segundo
Brandão, as indústrias alimentícia, farmacêutica e automobilística estão gerando negócios que podem ajudar a levar o
faturamento da agência à meta de R$ 20 milhões neste ano.
Telecomunicações também estão no foco. "Estão em guerra,
por causa da portabilidade, atrás de consumidores." Brandão tem mais de 30 reuniões agendadas até o fim de abril.
BOA HORA
A regulamentação da criação das zonas de processamento de exportações, com
impostos reduzidos, veio em
boa hora, avalia o economista André Sacconato, da Tendências. Para ele, a medida
pode ajudar os exportadores
em um momento em que a
crise deteriora a corrente de
comércio. Em termos políticos, ele também vê a ação como positiva: "Mostra o governo agindo para melhorar
as condições ao exportador".
DESONERAÇÃO
Para Sacconato, a aprovação do "drawback" integrado
para os produtores rurais
também foi importante, já
que desonera a compra de
insumos para os exportadores de produtos agrícolas. O
mecanismo dá isenção tributária em situações em que o
insumo não será incorporado ao produto exportado. A
projeção da Tendências é
que o superávit comercial do
Brasil seja de US$ 48 bilhões
neste ano.
CABEÇA FRIA
Renato Ochman, sócio do
escritório Ochman Real
Amadeo Advogados, lança,
no dia 23, o livro "Vivendo a
Negociação" (editoras Virgília e Saraiva). Na obra, ele relata as mudanças na negociação de fusões e aquisições
nesta crise. "Enquanto se
pensa que nesta fase há discussões agressivas, estamos
em período de negociação
passiva, com muita reflexão."
CONHECE O LULA?
Em evento do Lide ontem,
o presidente do Conselho da
Sadia, Luiz Fernando Furlan,
disse: "Vocês conhecem o
presidente Lula. Ele foi aos
EUA dar conselhos ao Obama
porque tem seis anos de prática e o colega está começando agora. O Obama achou legal e a sua reação em Londres
foi de reconhecimento de um
amigo recente. Isso marca
uma nova fase do protagonismo nacional nas questões de
governança mundial".
REBAIXAMENTO
Luiz Fernando Furlan
também afirmou ontem que
a Sadia aumentou em mais
de 10% as vendas no primeiro trimestre deste ano em
relação ao mesmo período
do ano passado. Segundo ele,
a primeira marca da Sadia
está aumentando mais do
que a segunda e a terceira,
mais populares. "A classe
média está lutando com
unhas e dentes para não cair
para a segunda divisão", afirmou, na ocasião.
NOVO SÓCIO
Fernando Thadeu Perez,
ex-vice-presidente da Volkswagen de Recursos Humanos, é o mais novo sócio da
Aggrego, de Alcides Tápias.
Perez traz experiência de
anos de negociações com os
sindicatos metalúrgicos do
ABC. Ele vai se juntar ao time de Tápias, Roberto Dutra
Vaz, Paulo Salles, Ricardo
Vianna e Antônio Hermann.
IRAQUE
Mercedes-Benz, Infraero
e Embrapa agendaram reunião com o ministro do Planejamento do Iraque, Ali Galib Baban, que começa no dia
6 uma visita de cinco dias ao
Brasil. Também está prevista audiência com Paulo Bernardo (Planejamento). Outras empresas, como Randon e Comil, também se encontrarão com Galib Baban.
SALÁRIO MÁXIMO
Alguns dos líderes do G20 que se reuniram em Londres
são os presidentes e primeiros-ministros mais bem pagos
do mundo. Os valores foram convertidos em dólar para
facilitar a comparação e representam apenas o salário
anual destes grandes líderes. O salário mensal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não entra no grupo
dos dez mais, é de R$ 11.420,21. O presidente brasileiro
não recebe férias. Só 13º.
FRONTEIRA
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai se reúnem no
dia 6, na Fiesp, para discutir
se é viável implantar sistema
de Certificação de Origem
Digital único nos países do
Mercosul, com possível expansão para a Aladi (Associação Latino-Americana de
Integração). Com a implantação, haverá eliminação de
papel nas aduanas.
EMPREENDEDOR
A campanha "Bota para
Fazer", da África e da Endeavor, foi eleita ontem a ação
mais eficaz entre projetos de
78 países para promover o
empreendedorismo, no
Congresso Global de Empreendedorismo, nos EUA.
Os filmes trazem depoimentos de empresários como
Michael Dell (Dell) e Luiza
Trajano (Magazine Luiza).
com CRISTIANE BARBIERI, JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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