São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Indústria se arrasta pelo fundo do poço, afirma consultoria

O resultado da indústria de fevereiro, divulgado nesta semana, indica que a atividade do setor segue no fundo do poço. A análise é da consultoria MB Associados, que já projeta uma retração de 4,5% na atividade industrial deste ano comparada com a de 2008.
Em fevereiro, a produção industrial se retraiu em 17% em relação ao mesmo mês do ano passado, repetindo o resultado de janeiro. Nos dois primeiros meses do ano, no entanto, a expansão ante o mês anterior foi de cerca de 2%.
Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB, os dados não indicam uma recuperação, mas um indício de que a indústria vai demorar para atingir os patamares de produção que tinha antes da crise.
Para ele, o desempenho ruim do setor vai refletir em um resultado negativo do PIB do país nos três primeiros meses do ano. A MB aguarda os dados de março para revisar sua projeção, mas já espera uma queda de cerca de 3% no PIB do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2008.
Para a MB, esse resultado ruim dará o tom para o PIB do ano todo. "A tendência, com isso, é de fato termos PIB negativo neste ano", informa a consultoria em relatório.
Vale ressalta, no entanto, que a possibilidade de o crescimento da economia ficar abaixo de zero neste ano será negada pelo governo "veementemente até o fim", por se tratar de um ano pré-eleitoral. Hoje, a projeção do governo é de crescimento de 2% da economia em 2009.
"Não tem a mínima condição de o país atingir esse número [projeção oficial]", afirma Vale.
A contração da economia brasileira promoverá aumento do desemprego, desaceleração do crescimento da renda e expansão menor de pessoas para a classe média, segundo Vale.
Para ele, a classe média sofrerá mais que a de baixa renda com a retração da economia, já que sente mais forte o impacto do desemprego. A população de baixa renda também conta com a proteção do salário mínimo e de programas de complementação de rendimentos do governo, como o Bolsa Família, para não perder renda.
"Veremos uma situação em que a classe baixa se sustentará, mas a média não", afirma.

ASSÉDIO
A agência Samba, especializada em marketing promocional, vai contratar 20 profissionais e investir na busca de clientes. A ideia de Fábio Brandão, novo diretor-geral, é "gastar sola de sapato, botar o pé na rua" e visitar clientes, percebendo onde há demanda. "Se a crise está mal, olhamos o mercado e identificamos quem está aquecido." Segundo Brandão, as indústrias alimentícia, farmacêutica e automobilística estão gerando negócios que podem ajudar a levar o faturamento da agência à meta de R$ 20 milhões neste ano. Telecomunicações também estão no foco. "Estão em guerra, por causa da portabilidade, atrás de consumidores." Brandão tem mais de 30 reuniões agendadas até o fim de abril.

BOA HORA
A regulamentação da criação das zonas de processamento de exportações, com impostos reduzidos, veio em boa hora, avalia o economista André Sacconato, da Tendências. Para ele, a medida pode ajudar os exportadores em um momento em que a crise deteriora a corrente de comércio. Em termos políticos, ele também vê a ação como positiva: "Mostra o governo agindo para melhorar as condições ao exportador".

DESONERAÇÃO
Para Sacconato, a aprovação do "drawback" integrado para os produtores rurais também foi importante, já que desonera a compra de insumos para os exportadores de produtos agrícolas. O mecanismo dá isenção tributária em situações em que o insumo não será incorporado ao produto exportado. A projeção da Tendências é que o superávit comercial do Brasil seja de US$ 48 bilhões neste ano.

CABEÇA FRIA
Renato Ochman, sócio do escritório Ochman Real Amadeo Advogados, lança, no dia 23, o livro "Vivendo a Negociação" (editoras Virgília e Saraiva). Na obra, ele relata as mudanças na negociação de fusões e aquisições nesta crise. "Enquanto se pensa que nesta fase há discussões agressivas, estamos em período de negociação passiva, com muita reflexão."

CONHECE O LULA?
Em evento do Lide ontem, o presidente do Conselho da Sadia, Luiz Fernando Furlan, disse: "Vocês conhecem o presidente Lula. Ele foi aos EUA dar conselhos ao Obama porque tem seis anos de prática e o colega está começando agora. O Obama achou legal e a sua reação em Londres foi de reconhecimento de um amigo recente. Isso marca uma nova fase do protagonismo nacional nas questões de governança mundial".

REBAIXAMENTO
Luiz Fernando Furlan também afirmou ontem que a Sadia aumentou em mais de 10% as vendas no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo ele, a primeira marca da Sadia está aumentando mais do que a segunda e a terceira, mais populares. "A classe média está lutando com unhas e dentes para não cair para a segunda divisão", afirmou, na ocasião.

NOVO SÓCIO
Fernando Thadeu Perez, ex-vice-presidente da Volkswagen de Recursos Humanos, é o mais novo sócio da Aggrego, de Alcides Tápias. Perez traz experiência de anos de negociações com os sindicatos metalúrgicos do ABC. Ele vai se juntar ao time de Tápias, Roberto Dutra Vaz, Paulo Salles, Ricardo Vianna e Antônio Hermann.

IRAQUE
Mercedes-Benz, Infraero e Embrapa agendaram reunião com o ministro do Planejamento do Iraque, Ali Galib Baban, que começa no dia 6 uma visita de cinco dias ao Brasil. Também está prevista audiência com Paulo Bernardo (Planejamento). Outras empresas, como Randon e Comil, também se encontrarão com Galib Baban.

SALÁRIO MÁXIMO
Alguns dos líderes do G20 que se reuniram em Londres são os presidentes e primeiros-ministros mais bem pagos do mundo. Os valores foram convertidos em dólar para facilitar a comparação e representam apenas o salário anual destes grandes líderes. O salário mensal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não entra no grupo dos dez mais, é de R$ 11.420,21. O presidente brasileiro não recebe férias. Só 13º.

FRONTEIRA
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai se reúnem no dia 6, na Fiesp, para discutir se é viável implantar sistema de Certificação de Origem Digital único nos países do Mercosul, com possível expansão para a Aladi (Associação Latino-Americana de Integração). Com a implantação, haverá eliminação de papel nas aduanas.

EMPREENDEDOR
A campanha "Bota para Fazer", da África e da Endeavor, foi eleita ontem a ação mais eficaz entre projetos de 78 países para promover o empreendedorismo, no Congresso Global de Empreendedorismo, nos EUA. Os filmes trazem depoimentos de empresários como Michael Dell (Dell) e Luiza Trajano (Magazine Luiza).

com CRISTIANE BARBIERI, JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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