São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

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Apesar de retomada, desemprego não cede

Taxa de desocupação se mantém em 9,7% pelo terceiro mês seguido; setor privado tem melhor mês desde maio de 2007

Dado positivo do emprego faz subir rendimento de títulos do Tesouro, sinal de que investidores já veem chance de Fed elevar o juro

Kevin Lamarque/Reuters
Obama durante evento ontem em fábrica na Carolina do Norte, em que comentou o desemprego

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois que mais de 8 milhões de pessoas perderam seus empregos durante a crise, o mercado de trabalho dos Estados Unidos teve no mês passado seu melhor desempenho desde março de 2007, com a criação de 162 mil vagas.
O dado sinaliza uma recuperação econômica mais sólida e menos dependente de ajuda governamental, o que pode acelerar a decisão do Fed (o BC dos EUA) de aumentar a taxa básica de juros do país (entre zero e 0,25 ponto percentual).
Os juros pagos pelos títulos do Tesouro com prazo de dez anos, que servem de referência para os empréstimos ao consumidor, subiram ontem ao maior nível desde junho passado e aproximaram-se de 4% pela primeira vez desde 2008. É um indício de que o mercado já começa a vislumbrar uma alta na taxa básica de juros.
Ao comentar o resultado, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que as medidas tomadas pelo governo "estão nos ajudando a superar a recessão". "O que podemos ver é que a pior fase da crise chegou ao fim e que teremos dias melhores pela frente", afirmou na Carolina do Norte, onde tratou justamente de seus planos de criação de empregos.
Do total das contratações, o setor privado foi responsável pela criação de 123 mil vagas (76% do mês), o melhor desempenho desde maio de 2007.
"Todas as grandes indústrias, exceto a de serviços financeiros e de informação, tiveram ganho de vagas", disse John Ryding, economista-chefe da RDQ Economics. "Seja indústria, construção civil, varejo, não importa. Todos os setores estão contratando", ressaltou.
Mas a alta no emprego foi puxada também por postos temporários. No mês passado, foram contratados 48 mil pessoas para trabalhar no censo dos EUA. E mais americanos dizem agora que trabalham meio período, sendo que preferiam fazê-lo em período integral.
Mesmo com o desempenho positivo em março, a taxa de desemprego nos EUA se manteve estável em 9,7% pelo terceiro mês seguido. Isso porque mais pessoas que antes haviam desistido de procurar emprego agora tentam se encaixar no mercado. O número de americanos desempregados hoje chega a 15 milhões -mais que o dobro do número registrado antes do início da recessão no país, em dezembro de 2007.
E ainda persistem focos de preocupação quanto à capacidade da retomada sem a ajuda dos estímulos estatais, pois os gastos dos consumidores continuam reduzidos, e o mercado imobiliário, estagnado.
Com o "New York Times" e agências internacionais



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