São Paulo, Sábado, 03 de Abril de 1999
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JUROS
Taxa Referencial deve apresentar queda de 1,83% para 1,58% neste mês, segundo estimativa feita pela Folha
Redutor da TR será menor em abril

18.jan.99/Associated Press
Francisco Lopes, que idealizou fórmula para cálculo do redutor da TR


GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

O redutor da TR (Taxa Referencial) deve cair de 1,83% para 1,58% agora em abril.
A estimativa foi feita pela Folha com base em quatro das cinco TBFs que entram nos cálculos. A quinta só será divulgada na segunda-feira.
A queda do redutor já era prevista porque os juros dos CDBs prefixados recuaram ao longo de março. É com base neles que o redutor é calculado, com a utilização de uma fórmula idealizada por Francisco Lopes, ex-diretor do Banco Central.
O tamanho do redutor depende da média dos juros dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados observada nos cinco últimos dias úteis do mês em que ele entrará em vigor. A média é a chamada TBF (Taxa Básica Financeira).
No final de fevereiro, a média ficou em aproximadamente 2,70%, contra 2,34% previstos para os últimos dias de março. Quanto menores forem os juros, menor o redutor, e vice-versa.

Equivalência
No entanto, a queda do redutor da TR não significa necessariamente que a poupança renderá mais em relação às demais aplicações financeiras.
O que importa, nessa comparação, é a equivalência entre a taxa da poupança e a dos demais investimentos.
Em março, por exemplo, com redutor de 1,83%, o rendimento da poupança equivaleu a 55,3% dos juros brutos da TBF do dia 1º (ou a 69,2% da TBF líquida de Imposto de Renda, já que a caderneta é isenta).
Agora em abril, sempre considerando contas do dia 1º, o redutor deverá ser menor, de 1,58%. Se a TBF fosse de 2,28%, a TR seria de 0,6891%, e a poupança, de 1,1926%, equivalendo a 52,3% da TBF bruta.
Ou seja: a poupança estaria rendendo até menos na comparação com a média dos juros prefixados (TBF), mesmo com a queda do redutor.
Em relação à TBF líquida a equivalência também seria menor, de 65,5%, contra 69,2% verificada em março.
As mesmas comparações podem ser feitas em relação ao CDI (juro interbancário), principal parâmetro da rentabilidade dos fundos.
O problema é que só se conhece o tamanho do CDI no final do mês, pois é uma taxa com característica de pós-fixada, apurada a cada dia útil do over.

Mudanças
O redutor da TR, da forma como é calculado hoje, provoca distorções nos rendimentos da poupança ao longo do mês.
O percentual é móvel, acompanhando o movimento dos juros, mas permanece fixo para todos os "aniversários" do mês, independentemente do número de dias úteis. Tanto TR quanto o rendimento da poupança variam de acordo com os dias úteis.
Talvez por isso, o próprio Banco Central esteja estudando mudanças na forma de cálculo da TR e da poupança.
Variações bruscas de rendimento provocam migrações de dinheiro da poupança para outras aplicações. No passado, ocorreu até movimento inverso.
Em março, até o dia 25, a captação líquida (depósitos menos saques) da poupança já estava negativa em R$ 731 milhões.
A dificuldade em montar uma nova fórmula é que eventual mudança para fortalecer a poupança, na comparação com outras aplicações, pode resultar em aumento da TR, que afeta milhões de mutuários e dívidas do próprio setor público.


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