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FIM DA LINHA
"País virou um martírio para nós", afirma diretor da empresa
Sadia fecha as portas na Argentina
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior fabricante nacional de
alimentos do país, a Sadia, vai fechar sua empresa na Argentina. A
companhia perdeu US$ 4,8 milhões no país, as vendas devem
cair de US$ 33 milhões no ano
passado para não mais do que
US$ 3 milhões neste ano -um
tombo de 90%. E os funcionários
serão dispensados. Devem restar
só dez empregados até junho. Em
dezembro, eram 50.
A decisão foi anunciada ontem,
após várias tentativas frustradas
de manter a estrutura atual em
operação. "Não é mais possível fazer negócios lá. A Argentina virou
um martírio para nós. Recebemos
até patacones deles, dinheiro que
uso para brincar de Banco Imobiliário (um jogo) com minha filha", disse o diretor de relações
com investidores, Luiz Murat.
As vendas no mercado argentino, que já chegaram a US$ 50 milhões em 1999, recuaram para
US$ 33 milhões em 2001 e não devem passar de US$ 3 milhões neste ano. Dos 157 empregados que
chegaram a ter, em 1999, no centro de distribuição, localizado na
Grande Buenos Aires, restarão
dez pessoas. Eles farão trabalhos
administrativos, basicamente.
Na estrutura antiga, a Sadia exportava para a Argentina, recebia
em moeda local e convertia a receita em dólares. O pagamento
era feito a cada 90 dias. Com a crise e a fabricação de moedas (bônus) pelas províncias, o negócio
virou um verdadeiro mico.
"Resistimos bravamente porque não queríamos aceitar os patacones. E os supermercados só
queriam pagar dessa forma. Acabamos utilizando o papel para pagar impostos", afirmou.
A empresa teve uma perda total
de US$ 4,8 milhões com a crise argentina. Desse total, US$ 1,8 milhão foram registrados no balanço de 31 de dezembro de 2001. No
balanço do primeiro trimestre, foram registrados mais US$ 3 milhões como despesas financeiras.
A Sadia apresentou ontem o seu
balanço do trimestre com um lucro líquido de R$ 27,9 milhões,
215,2% superior ao apurado em
mesmo período do ano passado
Os indicadores não tão positivos, na visão dos analistas, foram
a margem bruta (receita menos
custos totais) da empresa, o lucro
operacional (lucro obtido com a
operação de venda). A margem
bruta no primeiro trimestre deste
ano caiu de 1,7% sobre 2001.
O lucro operacional, de R$ 83
milhões, foi 6,2% inferior ao do
primeiro trimestre de 2001.
"Aconteceram aumentos nos custos. Além disso, o mercado externo registrou elevada oferta, tornando a competição acirrada",
disse Daniel Pascoali, da corretora
Fator Doria-Atherino.
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