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Compra de dólar já equivale a total de 2006
BC adquiriu US$ 33,9 bi até abril, contra US$ 34,3 bi ao longo de todo o ano passado, mas moeda dos EUA segue caindo
Recordes se acumulam no ano, com abril registrando compras de US$ 12 bi e reservas internacionais
atingindo US$ 122 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central comprou
um volume recorde de dólares
no mercado no mês passado,
embora as operações não tenham sido suficientes para
conter a valorização do real.
Em abril, o BC adquiriu cerca
de US$ 12 bilhões, maior volume registrado num mês. O dólar caiu 1,12% nesse período.
Desde janeiro, o BC tem intensificado sua atuação no
câmbio. Naquele mês, as intervenções no mercado somaram
US$ 4,8 bilhões, maior valor já
registrado até então. Só entre
janeiro e abril, as compras somaram US$ 33,9 bilhões, número muito próximo aos US$
34,3 bilhões adquiridos em todo o ano passado.
Na comparação com os US$
10,1 bilhões comprados nos primeiros quatro meses de 2006, o
crescimento deste ano foi de
236%. Em outras palavras, entre janeiro e abril o BC comprou mais de três vezes o valor
comprado no mesmo período
de 2006. No mês passado, o BC
chegou a comprar US$ 1,6 bilhão num único dia -normalmente, a média diária fica em
torno de US$ 200 milhões.
Ainda assim, essas operações
não têm sido suficientes para
impedir que a cotação do dólar
se aproxime dos R$ 2.
Para analistas, o comportamento da taxa de câmbio reflete o forte ingresso de capital externo que o Brasil tem recebido
nos últimos meses. Em abril,
esse fluxo de divisas chegou a
US$ 10,728 bilhões, maior valor
já registrado pela série estatística do BC, iniciada em 1982.
"Se não fosse a ação do BC, o
dólar já teria caído para baixo
de R$ 2. [O BC] não consegue
mudar essa tendência porque
estamos vendo um fluxo gigante de recursos para o Brasil",
diz a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli.
Entre janeiro e abril, o país
recebeu US$ 28,122 bilhões do
exterior, graças, principalmente, às exportações, que em abril
somaram US$ 12,4 bilhões, segundo informou ontem o Ministério do Desenvolvimento.
Houve ainda cerca de US$ 5
bilhões que foram vendidos pelos bancos no primeiro quadrimestre. Diante da tendência de
alta do real, os bancos têm optado por reduzir o tamanho de
suas carteiras de câmbio.
Para o gerente de câmbio do
banco Prosper, Jorge Knauer, o
crescimento das exportações
brasileiras, o aumento no fluxo
de investimentos estrangeiros
e os juros altos praticados no
Brasil devem continuar favorecendo a valorização do real.
"Quem tem dólar para vender, continua vendendo. E os
valores [das compras de dólares do BC] são tímidos perto do
volume de entrada [de capital
externo]", afirma.
Os dólares comprados pelo
BC são depositados nas reservas em moeda estrangeira do
país, que chegou a US$ 121,8 bilhões no final do mês passado
-também valor recorde.
Alguns economistas chamam a atenção para o custo de
manutenção dessas reservas
num nível tão elevado.
Isso porque, para comprar os
dólares, o BC consegue reais
por meio da venda de títulos
públicos ao mercado. Os dólares adquiridos, por sua vez, são
aplicados, em sua maioria, em
títulos do governo dos Estados
Unidos. Como os juros pagos
pelos papéis brasileiros são
muito mais elevados, acaba havendo um custo alto para que
essa política seja mantida.
Para Ansanelli, porém, vale a
pena arcar com esse custo. "O
que se ganha com essas compras de dólares em termos de
redução da vulnerabilidade externa compensa os custos de
manutenção das reservas", diz.
Em tese, reservas maiores são
um sinal de solidez da economia, o que ajuda o país a ganhar
a confiança de investidores.
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