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Governo boliviano dá ultimato para acordo de refinarias com brasileiros
DE CARACAS
Em mais um duro recado nos
bastidores, a Bolívia informou
ontem ao governo brasileiro
que, se não houver um acordo
para a compra das refinarias da
Petrobras dentro de uma semana a dez dias, o presidente Evo
Morales assinará o decreto que
seqüestra o fluxo de caixa das
duas plantas, medida classificada de "confisco" e considerada
inaceitável pelo Palácio do Planalto.
O governo boliviano também
fez uma nova oferta pelas refinarias, segundo a Folha apurou: US$ 60 milhões, preço
considerado abaixo do de mercado e, portanto, avaliado como "inadmissível" pela Petrobras.
A estimativa é que as duas
unidades, localizadas em Cochabamba e Santa Cruz, na Bolívia, valham ao menos US$ 160
milhões.
Sem subsídio
Segundo uma fonte do governo boliviano, estuda-se ainda
retirar o subsídio do barril de
petróleo vendido às refinarias
dos atuais US$ 27 o barril para a
cotação internacional -ontem
em torno de US$ 64.
O aumento não seria repassado à gasolina, que na Bolívia
está congelada em um preço
bastante baixo, o equivalente a
cerca de R$ 0,90 o litro.
Ainda de acordo com essa
fonte, não há um consenso sobre a medida. Questionado sobre o tema, outra fonte do governo boliviano afirmou que a
medida não está sendo nem sequer discutida.
A Bolívia tem pressionado o
Brasil nas últimas semanas para chegar a um acordo com a
Petrobras sobre a venda das refinarias, cujo controle acionário estatal está previsto no decreto de nacionalização, que
completou um ano anteontem,
sem, no entanto, ter medidas
efetivas a respeito de o refino
deixar de ser feito pelas empresas privadas e passar ao controle do governo boliviano.
Em conversa com Morales há
duas semanas, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, em caso de uma medida unilateral da Bolívia sobre
as refinarias, o Brasil congelará
investimentos no país e recomendará outros países a fazer o
mesmo.
As refinarias foram compradas em 1999 do Estado boliviano por cerca de US$ 100 milhões e são responsáveis por
abastecer praticamente todo o
mercado interno do país.
(FABIANO MAISONNAVE)
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