São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

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Grau de investimento leva Bolsa a recordes

Bovespa fecha com volume inédito de negócios e a maior pontuação da história, após se valorizar em 2,2% ontem; dólar volta a cair

Pregão teve R$ 11,09 bi negociados, contra média diária de R$ 5,9 bi neste ano; dólar recua para R$ 1,65, menor valor desde maio/99


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda sob o impacto da elevação do Brasil a grau de investimento, a Bolsa de Valores de São Paulo bateu novos recordes ontem, apoiada em alta de 2,21%. Além de encerrar em inéditos 69.366 pontos, a Bovespa computou número nunca antes alcançado de negócios, com 385,7 mil transações.
Neste primeiro momento após a decisão da agência Standard & Poor's, conhecida na quarta, a movimentação na Bovespa tem sido intensa. Ontem foram negociados R$ 11,09 bilhões no pregão -a média diária do ano é de R$ 5,9 bilhões.
A Bovespa subiu 8,7% nos últimos dois pregões. No início do pregão de ontem, chegou a subir 4,57% e bateu pela primeira vez em 70.973 pontos. Depois, perdeu um pouco de fôlego com investidores aproveitando para se desfazer de ações e embolsar os rápidos lucros alcançados por muitos papéis.
A pontuação da Bolsa de Valores oscila com o sobe-e-desce das ações. Assim, pontuação recorde indica que as ações nunca valeram tanto.
Já o dólar desceu mais um pouco e terminou cotado a R$ 1,65, o mais baixo valor desde 10 de maio de 99. Ontem a moeda americana se depreciou em 0,84% diante do real.
"Ninguém esperava que o "investment grade" viesse agora. O momento é que causou essa reação tão forte do mercado", diz Eduardo Favrin, diretor de renda variável do HSBC Investment. "O mercado é para cima, desde que não haja nada de mais grave lá fora", diz Favrin.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciou a promoção do país a "investment grade" na quarta. A decisão sinaliza aos investidores internacionais que é menos arriscado aplicar no Brasil hoje que antes. Muitos analistas e economistas avaliam que a decisão, ao tornar o Brasil mais seguro e atraente, tende a trazer mais capital externo para o mercado local, o que pode derrubar ainda mais o dólar e fortalecer a Bolsa.
O grau de investimento também teve reflexo no desempenho dos títulos da dívida do Brasil no exterior, que atraíram mais investidores. O movimento fez com que o risco-país recuasse para 197 pontos no fim do dia, em seu mais baixo patamar desde novembro de 2007. Desde quarta, o risco caiu 12%.
A conjunção de o país ser classificado como grau de investimento com a queda do risco tende a baratear os custos para as empresas e o governo quando forem captar recursos no mercado internacional. E os prazos de vencimentos das captações devem ser ampliados.

Compras
Na semana, 55 das 66 ações que estão na nova carteira do Ibovespa -índice mais relevante da Bolsa brasileira- fecharam com ganhos.
Apenas as ações de Telemar e Brasil Telecom registraram perdas fortes -reflexo da operação envolvendo as duas teles.
Os papéis de empresas dos setores imobiliário e de varejo e consumo foram os que mais se beneficiaram do movimento de compras generalizado.
A ação ON (ordinária) da Gafisa disparou 24,82% na semana, seguida por Rossi Residencial (alta de 24,34%), Cyrela Realt ON (23,97%) e B2W Varejo (23,06%). O papel preferencial das Lojas Americanas subiu 16,73% no período.
Quem teve uma recuperação de destaque foram as ações da Bovespa e da BM&F, que vinham operando com fortes perdas nos últimas tempos. A ação ON da Bovespa subiu 33% nos últimos dois pregões; as da BM&F ganharam 30,4%.
"A ausência de indicadores relevantes para a próxima semana contribui para que os pregões mantenham esse bom momento do nosso mercado, que pode passar por alguns ajustes técnicos, porém mantendo a tendência de alta. Salvo notícias externas negativas que possam reverter o movimento", afirma Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos.


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