São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

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Superávit comercial do país encolhe 64,5%

Valorização do real deteriora saldo de operações de comércio exterior; importação cresce 43,6%, e exportação, 13,6%

Importação de máquinas e equipamentos e aquisição de matérias-primas disparam no primeiro quadrimestre do ano


LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O superávit da balança comercial encolheu 64,5% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação com igual período de 2007, passando de US$ 12,905 bilhões para US$ 4,580 bilhões.
Esse desempenho mostra uma clara deterioração do saldo das operações de comércio exterior, em grande parte decorrente da desvalorização do dólar, que favorece as importações em detrimento das exportações.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, no primeiro quadrimestre, as operações de importação atingiram US$ 48,169 bilhões, correspondente a uma alta de 43,6%. Especificamente em abril, as aquisições feitas no exterior foram de US$ 12,315 bilhões, 41,9% maiores frente a abril de 2007.
Na análise das importações do quadrimestre, os destaques foram as compras de máquinas e equipamentos, que aumentaram 44,7%, e as aquisições de matérias-primas, que ficaram 41% maiores.
As importações de automóveis também continuam em alta. Somente entre janeiro e abril, as despesas com as compras de veículos fabricados em outros países atingiram US$ 1,351 bilhão, 116,5% maiores que os US$ 624 milhões gastos no primeiro quadrimestre de 2007. E a tendência, com a perda de valor do dólar, é de ampliação desse tipo de despesa.
As exportações, que somaram US$ 52,749 bilhões entre janeiro e abril, exibiram uma taxa de crescimento bem menos vistosa, de apenas de 13,6% em relação ao primeiro quadrimestre de 2007. Em abril, as vendas feitas no exterior foram de US$ 14,059 bilhões, com alta de 7,6%.
A despeito de registrarem menos dinamismo que as importações, as exportações seguem favorecidas pela valorização das commodities. Somente entre os produtos básicos e semimanufaturados houve aumento de 54,5% nos preços dos embarques de milho, de 36,8% nos de soja, de 79% nos embarques de ferro-ligas e de 45% nas cargas de ferro e aço enviadas a compradores estrangeiros.
Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a tendência é de continuidade da valorização das commodities. Ele mantém para 2008 a previsão de exportação total de US$ 180 bilhões.
Sobre os efeitos da desvalorização da moeda americana na venda dos produtos brasileiros no exterior, Barral disse que a política industrial que o governo pretende anunciar no próximo dia 12 irá conter medidas de estímulo aos exportadores. Entre essas medidas, o governo pode anunciar revisão de tributos e melhores condições de pagamento de crédito tributário para empresas exportadoras.

Greve dos auditores
A greve dos auditores da Receita Federal não impediu a continuidade das operações de importação e exportação, mas gerou distorção nos números da balança comercial de abril.
Segundo Welber Barral, os embarques de produtos e a chegada de cargas importadas foram realizadas, mas várias dessas operações não foram contabilizadas. No lado das exportações, ele disse que não foi feita a solicitação de despacho de US$ 600 milhões da venda de petróleo. Outro US$ 1,2 bilhão em embarques de soja em grão, farelo de soja e de minério de ferro também deixou de ser registrado no mês passado.
Sobre efeitos nas operações de importação, ele disse que atraso no desembaraço de insumos comprados no exterior afetaram a produção de manufaturados da Zona Franca de Manaus.


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