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TRABALHO
Central deve confirmar nome de Luiz Marinho como presidente no encontro que começa hoje; opositores tentam se unir
Em congresso, CUT debate seu papel no governo Lula
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de consenso sobre a reforma da Previdência Social e a
posição da CUT (Central Única
dos Trabalhadores) no governo
Lula serão os principais temas do
8º Congresso Nacional da central,
que começa hoje em São Paulo.
Com 3.352 sindicatos filiados
representando 22 milhões de trabalhadores, a maior central sindical do país vai definir também seu
novo comando no próximo sábado, último dia do congresso.
Luiz Marinho, presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC e candidato da Articulação
Sindical, maior corrente da central, deve ser eleito presidente da
CUT -em substituição ao professor João Felício.
Isso porque pouco mais de 50%
dos cerca de 2.700 delegados que
participam e votam no congresso
são ligados a essa corrente. Esses
delegados são eleitos por representantes de sindicatos de todo o
país. Cada sindicato precisa ter no
mínimo 1.500 sócios para eleger
um delegado no congresso e só
tem direito a voto se não estiver
inadimplente com a central.
O nome de Marinho, definido
há meses, teve o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
confirmou sua participação amanhã no evento.
Tudo indica que as correntes
minoritárias da CUT, ligadas à esquerda do PT, devam inscrever
durante o congresso uma chapa
de oposição à candidatura de Marinho. Elas estão reunidas no movimento Fortalecer a CUT, criado
neste ano com o objetivo de defender a autonomia da central em
relação ao governo Lula e evitar o
que definem como privatização
da Previdência Social. Essas correntes estimam que, unidas, possam ter até 47% dos votos.
"A CUT precisa decidir se vai
apoiar um governo que dá continuidade à política econômica do
governo FHC ou se vai ser um instrumento de luta dos trabalhadores", afirma José Maria de Almeida, presidente do PSTU e um dos
coordenadores do MTS (Movimento por uma Tendência Socialista), que integra o movimento.
Na avaliação do sindicalista, a
reforma da Previdência, em discussão pelo governo Lula, foi "recomendada" pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) e "elimina direitos dos trabalhadores"
-já que estabelece teto para a
aposentadoria do servidor. O governo defende que esse teto seja
de R$ 2.400.
"Criar um fundo de pensão para
a aposentadoria complementar
significa transferir bilhões de reais
para os bancos. Hoje, esse dinheiro está com o Estado. Isso, na prática, significa privatizar a Previdência", diz Almeida.
Representantes de várias correntes minoritárias da CUT, ligadas à esquerda do PT, estão em
reunião desde domingo para discutir a formação de um bloco que
pode disputar a eleição na central.
No total, serão eleitos 32 membros da diretoria executiva nacional da CUT.
"Há um descontentamento dos
servidores públicos em relação à
proposta de reforma da Previdência, que só retira direitos", diz Júlio Turra, diretor da central e
membro da corrente O Trabalho.
A principal crítica é em relação à
cobrança previdenciária dos servidores inativos.
"A CUT ficou quieta enquanto
os servidores municipais de Araraquara, Santo André e Campinas
reivindicavam suas reposições salariais. Em campanhas salariais
anteriores, a central foi mais combativa", afirma Dirceu Travesso,
membro da executiva da CUT.
Os sindicalistas ligados a correntes de esquerda temem que a
gestão Marinho seja vista como
"chapa-branca" -o braço direito
do governo. A preocupação desses sindicalistas é que Marinho estenda para a CUT sua posição de
negociador em acordos mais flexíveis. No comando dos metalúrgicos, foi criticado por ter feito
acordos como o da Volks em
2001, com redução de salários em
troca de empregos.
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