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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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TRABALHO

Central deve confirmar nome de Luiz Marinho como presidente no encontro que começa hoje; opositores tentam se unir

Em congresso, CUT debate seu papel no governo Lula

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de consenso sobre a reforma da Previdência Social e a posição da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no governo Lula serão os principais temas do 8º Congresso Nacional da central, que começa hoje em São Paulo.
Com 3.352 sindicatos filiados representando 22 milhões de trabalhadores, a maior central sindical do país vai definir também seu novo comando no próximo sábado, último dia do congresso.
Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e candidato da Articulação Sindical, maior corrente da central, deve ser eleito presidente da CUT -em substituição ao professor João Felício.
Isso porque pouco mais de 50% dos cerca de 2.700 delegados que participam e votam no congresso são ligados a essa corrente. Esses delegados são eleitos por representantes de sindicatos de todo o país. Cada sindicato precisa ter no mínimo 1.500 sócios para eleger um delegado no congresso e só tem direito a voto se não estiver inadimplente com a central.
O nome de Marinho, definido há meses, teve o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que confirmou sua participação amanhã no evento.
Tudo indica que as correntes minoritárias da CUT, ligadas à esquerda do PT, devam inscrever durante o congresso uma chapa de oposição à candidatura de Marinho. Elas estão reunidas no movimento Fortalecer a CUT, criado neste ano com o objetivo de defender a autonomia da central em relação ao governo Lula e evitar o que definem como privatização da Previdência Social. Essas correntes estimam que, unidas, possam ter até 47% dos votos.
"A CUT precisa decidir se vai apoiar um governo que dá continuidade à política econômica do governo FHC ou se vai ser um instrumento de luta dos trabalhadores", afirma José Maria de Almeida, presidente do PSTU e um dos coordenadores do MTS (Movimento por uma Tendência Socialista), que integra o movimento.
Na avaliação do sindicalista, a reforma da Previdência, em discussão pelo governo Lula, foi "recomendada" pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e "elimina direitos dos trabalhadores" -já que estabelece teto para a aposentadoria do servidor. O governo defende que esse teto seja de R$ 2.400.
"Criar um fundo de pensão para a aposentadoria complementar significa transferir bilhões de reais para os bancos. Hoje, esse dinheiro está com o Estado. Isso, na prática, significa privatizar a Previdência", diz Almeida.
Representantes de várias correntes minoritárias da CUT, ligadas à esquerda do PT, estão em reunião desde domingo para discutir a formação de um bloco que pode disputar a eleição na central. No total, serão eleitos 32 membros da diretoria executiva nacional da CUT.
"Há um descontentamento dos servidores públicos em relação à proposta de reforma da Previdência, que só retira direitos", diz Júlio Turra, diretor da central e membro da corrente O Trabalho. A principal crítica é em relação à cobrança previdenciária dos servidores inativos.
"A CUT ficou quieta enquanto os servidores municipais de Araraquara, Santo André e Campinas reivindicavam suas reposições salariais. Em campanhas salariais anteriores, a central foi mais combativa", afirma Dirceu Travesso, membro da executiva da CUT.
Os sindicalistas ligados a correntes de esquerda temem que a gestão Marinho seja vista como "chapa-branca" -o braço direito do governo. A preocupação desses sindicalistas é que Marinho estenda para a CUT sua posição de negociador em acordos mais flexíveis. No comando dos metalúrgicos, foi criticado por ter feito acordos como o da Volks em 2001, com redução de salários em troca de empregos.


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