São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Favela impede vôos regulares em Porto Alegre

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O tamanho da pista do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tem levado os aviões de carga a decolar no máximo com 70% de sua capacidade total.
A ampliação dos atuais 2.270 metros para 3.200 metros -extensão considerada ideal pela Infraero para evitar perdas nos vôos de carga- não pode ser feita porque duas favelas na cabeceira da pista impedem a realização da obra.
Para resolver o problema, os governos federal e municipal precisariam remover 1.500 famílias das vilas Dique e Nazaré e construir casas em outra região de Porto Alegre para abrigá-las. Há dez anos a prefeitura vem negociando com os moradores da favela e, no ano passado, conseguiu uma área para transferi-los.
Mas o dinheiro precisa ser liberado pelo Ministério das Cidades -o que, segundo o diretor do Departamento Municipal de Habitação de Porto Alegre, Nelcir Tessaro, ocorrerá ainda neste mês.
"Vamos assinar o convênio com o ministério nos próximos dias e licitar a obra de transferência e de construção das casas em dois meses. Acredito que até o fim do ano a área esteja liberada", disse. O governo federal repassará R$ 41 milhões para a transferência.
Só depois que o terreno estiver liberado é que a Infraero poderá licitar a obra de ampliação da pista em 930 metros.
Enquanto a obra, estimada em R$ 100 milhões, não é feita, o Rio Grande do Sul e os empresários da região perdem dinheiro. Só em ICMS, o Estado deixa de arrecadar R$ 10 milhões por ano devido à redução da capacidade de frete em cada aeronave, de acordo com a Infraero.
Para os empresários, diz o superintendente-adjunto da Infraero, Marco Aurélio Franceschi, as perdas são incalculáveis e só serão plenamente conhecidas depois que o aeroporto passar a operar com a capacidade total dos aviões de carga.
"Daqui decolam para o exterior e outros Estados componentes eletrônicos, produtos químicos e alimentos perecíveis, como frutas e peixes. Com a pista ampliada, seria possível triplicar a movimentação atual", afirma Franceschi.
O terminal de carga tem capacidade de 10 mil toneladas para importação e de 12 mil toneladas para exportação. Retirando a favela e agilizando a obra de um novo terminal de carga, a capacidade total passaria das 22 mil toneladas para 71 mil toneladas.
A pista curta não permite decolagens de aviões com carga completa devido ao peso. Se os aviões operassem acima da média de 70%, poderiam não levantar, trancando outros vôos de carga e comerciais.


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