São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Folhainvest

Investidor corre para fundos cambiais

Captação líquida da aplicação registra R$ 59,77 milhões até 28 de junho, resultado é o melhor desde julho de 2005

Volatilidade no mercado, que fez cotação do dólar ter movimento de montanha-russa, agitou aplicadores; opção pode ser equívoco

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi só o dólar ameaçar engrenar um processo de valorização diante do real que muita gente correu para aplicar em fundos cambiais. Tanto que junho chegou ao fim como o mês em que a captação líquida dos fundos cambiais foi a mais forte desde julho de 2005.
Mas com a perda de força do dólar, especialmente na semana passada, quem correu para os fundos cambiais pode ter errado na escolha.
Em junho, até o dia 28, os fundos cambiais somavam captação líquida (diferença entre o aplicado e o resgatado) de R$ 59,77 milhões. Neste ano, apenas em janeiro o segmento havia tido captação positiva. Os dados são do site Fortuna, especializado no acompanhamento do mercado de fundos.
O atual período de volatilidade, que começou em meados de maio, interrompeu o processo de valorização do real. Depois de cair para R$ 2,056 no dia 5 de maio, o dólar saltou para R$ 2,40 no dia 24 daquele mês.
Esse movimento fez com que os investidores corressem para comprar dólares e aplicar em fundos cambiais.
Mas, com o arrefecimento da turbulência, o dólar voltou a perder terreno diante do real: na sexta-feira, a moeda norte-americana fechou vendida a R$ 2,166. Entre o pico recente (de R$ 2,40) e o último dia da semana passada, o dólar caiu 9,75%.
"Ainda vai ter volatilidade no cenário internacional. Mas o mercado de câmbio tem se aclamado bastante. Não acho absurdo voltar a falar em dólar se aproximando dos R$ 2,00 no fim do ano", afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
Segundo números da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os fundos cambiais têm desvalorização de 3,59% em junho (até o dia 26). No ano, as perdas totalizam 2,51%. Ou seja, quem foi para os fundos atrelados à oscilação do câmbio na expectativa de lucrar com a possível escalada do dólar pode não ter se dado muito bem.
Os fundos cambiais são formados principalmente por títulos que acompanham a variação de uma moeda estrangeira (especialmente o dólar) e por contratos futuros de câmbio. Assim, seguem de perto a oscilação da moeda norte-americana diante do real.
Os fundos cambiais já tiveram maior peso na indústria de fundos em tempos de maior instabilidade, quando a moeda nacional sofria desvalorizações mais consistentes.
Hoje, esse segmento do mercado conta com patrimônio líquido de apenas R$ 1,58 bilhão -o que representa apenas cerca de 0,20% do patrimônio total do mercado. No segundo semestre de 2002, período marcado pela crise pré-eleitoral, o patrimônio dos fundos cambiais bateu nos R$ 6 bilhões -cerca de 2,5% do total do mercado na época.

Ganhos e perdas
Mas quem acertou o tempo e entrou e saiu rapidamente de um fundo cambial durante esse período de turbulência se deu bem. Entre os dias 10 de maio -quando começou a atual onda de volatilidade- e o dia 10 de junho, esses fundos deram retorno expressivo de 8,97%. Já o investidor que esperou um pouco mais -entrou no dia 10 de maio e ficou até o dia 28- viu seu ganho encolher, ficando em 7,39% no período.
Com o dólar se acalmando, grandes são as chances desses fundos voltarem a sofrer saques, com investidores decepcionados com o que se mostrou ser apenas um repique e não uma nova fase de valorizações da moeda estrangeira.
"Considerando o atual período de volatilidade, a moeda deve oscilar no intervalo de R$ 2,10 e R$ 2,30 nos próximos meses", afirma a economista do Fibra.
Para Ansanelli, a melhor recomendação é a de "não comprar dólares" como forma de investimento.


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