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Folhainvest
Investidor corre para fundos cambiais
Captação líquida da aplicação registra R$ 59,77 milhões até 28 de junho, resultado é o melhor desde julho de 2005
Volatilidade no mercado, que fez cotação do dólar ter movimento de montanha-russa, agitou aplicadores; opção pode ser equívoco
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi só o dólar ameaçar engrenar um processo de valorização
diante do real que muita gente
correu para aplicar em fundos
cambiais. Tanto que junho chegou ao fim como o mês em que
a captação líquida dos fundos
cambiais foi a mais forte desde
julho de 2005.
Mas com a perda de força do
dólar, especialmente na semana passada, quem correu para
os fundos cambiais pode ter errado na escolha.
Em junho, até o dia 28, os
fundos cambiais somavam captação líquida (diferença entre o
aplicado e o resgatado) de R$
59,77 milhões. Neste ano, apenas em janeiro o segmento havia tido captação positiva. Os
dados são do site Fortuna, especializado no acompanhamento do mercado de fundos.
O atual período de volatilidade, que começou em meados de
maio, interrompeu o processo
de valorização do real. Depois
de cair para R$ 2,056 no dia 5
de maio, o dólar saltou para R$
2,40 no dia 24 daquele mês.
Esse movimento fez com que
os investidores corressem para
comprar dólares e aplicar em
fundos cambiais.
Mas, com o arrefecimento da
turbulência, o dólar voltou a
perder terreno diante do real:
na sexta-feira, a moeda norte-americana fechou vendida a R$
2,166. Entre o pico recente (de
R$ 2,40) e o último dia da semana passada, o dólar caiu
9,75%.
"Ainda vai ter volatilidade no
cenário internacional. Mas o
mercado de câmbio tem se
aclamado bastante. Não acho
absurdo voltar a falar em dólar
se aproximando dos R$ 2,00 no
fim do ano", afirma Maristella
Ansanelli, economista-chefe do
banco Fibra.
Segundo números da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os fundos cambiais têm desvalorização de 3,59% em junho (até o
dia 26). No ano, as perdas totalizam 2,51%. Ou seja, quem foi
para os fundos atrelados à oscilação do câmbio na expectativa
de lucrar com a possível escalada do dólar pode não ter se dado muito bem.
Os fundos cambiais são formados principalmente por títulos que acompanham a variação de uma moeda estrangeira
(especialmente o dólar) e por
contratos futuros de câmbio.
Assim, seguem de perto a oscilação da moeda norte-americana diante do real.
Os fundos cambiais já tiveram maior peso na indústria de
fundos em tempos de maior
instabilidade, quando a moeda
nacional sofria desvalorizações
mais consistentes.
Hoje, esse segmento do mercado conta com patrimônio líquido de apenas R$ 1,58 bilhão
-o que representa apenas cerca de 0,20% do patrimônio total do mercado. No segundo semestre de 2002, período marcado pela crise pré-eleitoral, o
patrimônio dos fundos cambiais bateu nos R$ 6 bilhões
-cerca de 2,5% do total do
mercado na época.
Ganhos e perdas
Mas quem acertou o tempo e
entrou e saiu rapidamente de
um fundo cambial durante esse
período de turbulência se deu
bem. Entre os dias 10 de maio
-quando começou a atual onda
de volatilidade- e o dia 10 de
junho, esses fundos deram retorno expressivo de 8,97%. Já o
investidor que esperou um
pouco mais -entrou no dia 10
de maio e ficou até o dia 28-
viu seu ganho encolher, ficando
em 7,39% no período.
Com o dólar se acalmando,
grandes são as chances desses
fundos voltarem a sofrer saques, com investidores decepcionados com o que se mostrou
ser apenas um repique e não
uma nova fase de valorizações
da moeda estrangeira.
"Considerando o atual período de volatilidade, a moeda deve oscilar no intervalo de R$
2,10 e R$ 2,30 nos próximos
meses", afirma a economista do
Fibra.
Para Ansanelli, a melhor recomendação é a de "não comprar dólares" como forma de
investimento.
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