São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAIBA MAIS

Rede passa por processo de reestruturação

DA REPORTAGEM LOCAL

A maior rede de atacado do país tenta ser vendida pela segunda vez em dois anos após ter passado por uma reestruturação interna. Em 2004, na primeira tentativa, os passivos fiscais atrapalharam na negociação.
A rede pediu US$ 600 milhões, mas o fundo de investimentos americano interessado na operação, o Merrill Lynch Private Equity, temeu que futuras cobranças tributárias tornassem o negócio um mico. O Fisco tem prazo de cinco anos para cobrar créditos tributários a contar da data de pagamento do imposto.
A "novela" volta, mas não deve impedir a operação. O que deve acontecer é que o valor de venda proposto pelo comando da cadeia -novamente eles querem os US$ 600 milhões- deve ser pago com deságio, apurou a Folha.
Desde 2004, a empresa tenta colocar a "casa" em ordem sob o comando dos diretores Paulo Rubens de Lima, Farid Curi e Herberto Uli Schmeil. A rede foi fundanda em 1962 em Maringá (PR) por Alcides Parizotto, atual dono da construtora Inpar e já fora da operação.
A venda da cadeia pode ter reflexo na vida do consumidor de diversas formas. Se o Makro, segundo no ranking desse segmento, ficar com o negócio, pode-se esperar uma maior concentração no mercado atacadista, com a liderança disparada do grupo holandês, que deverá alcançar faturamento anual de R$ 8,5 bilhões com a nova operação. Vai ampliar o poder de barganha do Makro com os fornecedores e o mesmo deve acontecer se o grupo americano Wal-Mart -um provável vencedor na avaliação dos analistas- bater o martelo e ficar com as 35 lojas.
A questão é que ao ampliar a força de negociação com a indústria, o novo dono do Atacadão terá a chance de repassar possíveis ganhos no preço -resultado do aumento no volume de compras- para o consumidor. Isso, obviamente, em tese. Isso porque esse ganho pode ser embolsado e "turbinar" as margens de lucro da loja
O Wal-Mart é a grande aposta dos analistas por várias razões. Está em uma clara fase expansionista no país e quer ganhar maior corpo na operação por aqui. Tem recursos financeiros para isso -foi a matriz nos EUA que assinou os cheques de compra das redes Sonae e BomPreço, adquiridas nos últimos dois anos. Além disso, o modelo de negócio do Atacadão tem relação direta com o foco do negócio do Wal-Mart no país. Ele atende as classes C e D, tem custos operacionais baixos e chega até mesmo a lembrar, de certa forma, as lojas do Sam's Club (a bandeira de atacado do Wal-Mart) que a cadeia tem nos EUA. (ADRIANA MATTOS)


Texto Anterior: Venda do Atacadão está em banho-maria
Próximo Texto: Lamy terá de negociar impasse sobre subsídios aos produtores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.