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Para especialistas, déficit fiscal dos EUA deve levar país a rever os seus benefícios
ENVIADA ESPECIAL A GENEBRA
Apesar da intransigência dos
EUA nas conversas da última
semana em Genebra, negociadores brasileiros envolvidos
nos debates ouvidos pela Folha
acreditam que o problema de
déficit fiscal no país poderá
ajudar a avançar nas discussões. Isso porque, com o rombo
no orçamento, em função principalmente de gastos militares
elevados, os EUA precisam reformular seus programas de
subsídios agrícolas.
A avaliação é de que, politicamente, é mais interessante para as lideranças norte-americanas reduzir esses subsídios no
âmbito de um acordo internacional, que garantirá aos produtores rurais do país o acesso
a outros mercados.
Assim, os políticos poderão
justificar os cortes na ajuda pública com a abertura de novas
oportunidades de negócios.
Daí, acreditam, a posição dos
EUA de não abandonarem de
vez a rodada de Doha. Além
disso, para muitas empresas
americanas que importam
componentes para fabricação
de produtos industriais, uma
redução de tarifas de importação de países em desenvolvimento deverá significar uma
queda no custo de produção.
E isso também está em jogo
na rodada de Doha e poderá facilitar o trabalho do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de
vencer a inflexibilidade mostrada até agora pelos EUA.
Para o Brasil especificamente, o fracasso da rodada de Doha seria ruim porque deixaria
em aberto a definição do volume de subsídio agrícola norte-americano. Hoje, essa ajuda
que aumenta a competitividade dos produtos daquele país
deixando em desvantagem os
brasileiros atinge cerca de US$
20 bilhões por ano. Mas, pelo
orçamento, o governo norte-americano pode gastar anualmente até US$ 48 bilhões.
Ao longo nas negociações na
rodada de Doha, os EUA se
comprometeram a manter esses subsídios em US$ 20 bilhões. Os países pressionam
por uma redução maior, mas
com o fracasso da rodada, os
EUA ficariam livres para conceder o quanto quisessem.
(SHEILA D'AMORIM)
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