São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Uma década depois da crise, Ásia perde investimentos para a América Latina

DA REPORTAGEM LOCAL

Dez anos após o início da crise da Ásia, que brecou o crescimento dos mercados em todo o mundo, o continente perde investimentos em fundos de ações para a América Latina.
Levantamento da consultoria americana Emerging Portfolio Research (EPFR, na sigla em inglês) mostra que os fundos de ações de países emergentes asiáticos perderam US$ 1,327 bilhão no primeiro semestre deste ano, enquanto os fundos latino-americanos captaram US$ 4,934 bilhões -sendo 85% no Brasil e no México.
Há um ano, com expectativa de forte crescimento na China, a situação era inversa: os fundos asiáticos de ações recebiam US$ 10,172 bilhões, enquanto os latino-americanos absorviam US$ 1,539 bilhão no primeiro semestre de 2006.
Para a consultoria, o dado reflete a derrocada da Bolsa de Xangai, que assustou o mundo ao desabar 9% em 23 de fevereiro passado. A consultoria afirma que o susto em Xangai mostrou aos investidores que há grande diferença entre a economia chinesa, que cresce 10% ao ano, e o seu mercado de capitais, que tem dificuldades em dar preço aos ativos.
Para analistas, os dados mostram ainda oportunidade de investir em empresas na América Latina, mercado não tão consolidado como o asiático, que tem preços baixos.
Sem contar o Japão, a Ásia crescerá neste ano 7,9%, segundo o banco JP Morgan. Já a América Latina, como um todo, deve ter crescimentos de 4,5% em 2007 e de 4,7% em 2008.
"Surgem mais oportunidades de ganhos na América Latina. A Ásia tem um crescimento consolidado. Já a América Latina está ainda convergindo os juros para níveis civilizados, por isso que atrai dinheiro via Bolsa. Daí esse esse boom de IPO [oferta pública de ações] no Brasil. Mas vale ressaltar que a curva de crescimento [econômico] ainda é mais favorável para a Ásia", disse Fabio Akira, do JP Morgan.
"O Brasil e a América Latina têm um diferencial de regulação em relação a China, Índia e outros países asiáticos. É por isso que vem tanto dinheiro para cá. É verdade que empata com a Coréia do Sul, emergente asiático mais antigo", disse Jason Vieira, da UpTrend.
Os números da EPFR mostram ainda que, como um todo, o mundo perdeu investimento nos fundos em ações neste ano.
No ano passado, esses fundos somaram ingressos de US$ 48,843 bilhões no primeiro semestre; neste ano, não passaram de US$ 19,052 bilhões. Outra tendência é o aumento de aplicação em fundos globais, que captaram US$ 27,4 bilhões no primeiro semestre. (TS)


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