São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Bolsa cai 3,6%; saída de estrangeiro é recorde

Em junho, operação com capital externo foi negativa em R$ 7,4 bi; dados da economia dos EUA e alta do petróleo desanimam

Ações de siderúrgicas têm perdas superiores a 7%, e queda da Bovespa no ano chega a 4,35%; barril vai a US$ 143,57 em NY


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem aplica no mercado acionário teve mais um dia de decepção ontem, quando a Bovespa enfrentou um pregão de perdas expressivas. A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou as operações com queda de 3,61% -a maior baixa em um pregão desde 19 de março.
Em Wall Street, as ações também se depreciaram, e o índice Dow Jones encerrou com desvalorização de 1,46%. A Bolsa eletrônica Nasdaq, que concentra os papéis de empresas de alta tecnologia, caiu 2,32%.
A Bovespa, com os 61.106 pontos do fechamento de ontem, recuou para seu mais baixo nível desde o fim de março. A queda acumulada no ano passou a ser de 4,35%.
"A crise americana ainda está no centro das preocupações. E temos visto que os estrangeiros seguem saindo da Bolsa. O curto prazo é muito incerto para o mercado acionário", avalia André Simões, do Modal Asset Management.
Os estrangeiros têm sido destaque na ponta de venda nas últimas semanas. Em junho, o saldo das operações da categoria ficou negativo em R$ 7,41 bilhões, sendo o pior resultado mensal da história. Como representam 35% das operações da Bolsa, sua saída tem forte peso no resultado do mercado.
Para piorar o clima, o Citigroup divulgou relatório ontem no qual rebaixou sua projeção para o índice Ibovespa para a faixa de 60 mil pontos.
O mercado internacional se depreciou em um dia marcado pela quebra de mais um recorde no preço do petróleo e novas preocupações com a economia americana, onde foi anunciada a perda de 79 mil postos de trabalho pelas companhias privadas, sendo a maior queda em mais de cinco anos.
O Departamento de Trabalho dos EUA divulga hoje seus dados oficiais sobre o mercado de trabalho, que, se confirmarem os prognósticos negativos, podem prejudicar as Bolsas.
Na Europa, o dia não foi melhor. As Bolsas de Paris e de Londres se destacaram com quedas de 1,03% e 0,98%.
O novo recorde alcançado pelo barril de petróleo desagradou ao mercado, pois a alta do produto pode resultar em inflação maior e crescimento econômico menor. Em Nova York, o petróleo subiu a inéditos US$ 143,57, com alta de 1,84%.
Nem mesmo as ações da Petrobras, que em muitos momentos reagiram de forma positiva à escalada do petróleo, escaparam das perdas ontem. Houve perdas de 4,57% nos papéis PN da companhia e de 4,08% nos ON.
Ricardo Silveira, professor de Finanças da Integração Escola de Negócios, diz que o "petróleo é um relevante fator de preocupação, que encarece o custo das economias". Silveira alerta de que ainda há ações "caras dentro do Ibovespa". "Não acredito que neste ano a Bolsa venha a ter rentabilidades expressivas, como ocorreu entre 2003 e 2007", diz.

Alta no ano
O setor que mais perdeu ontem na Bolsa foi o siderúrgico. Analistas afirmam que papéis do segmento seguem com altas expressivas, estimulando as vendas. Compondo as maiores quedas de ontem, apareceram: CSN ON, com desvalorização de 7,49%; Gerdau PN, com baixa de 7,10%; e Usiminas PNA (-4,64%). Mas, no acumulado de 2008, esses papéis têm valorizações ainda bem fortes: Gerdau PN tem ganhos de 39,5%; Usiminas PNA, de 33,5%; e CSN ON, de 23,2%.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou as operações de ontem com depreciação de 0,12%, vendido a R$ 1,603.


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