São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Lula defende a renegociação da dívida "sem penduricalhos" e ataca críticos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

No lançamento do Plano Agrícola e Pecuário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a renegociação da dívida agrícola do país.
"Vamos tirar todos os penduricalhos, ver qual é a dívida real e dar um tempo para as pessoas poderem pagar", afirmou Lula durante pronunciamento.
Em entrevista, o presidente acrescentou: "Se nós quisermos receber, nós temos que criar as condições para as pessoas pagarem. Não adianta ficar castigando a vida inteira se não vai receber".
No final de maio, uma medida provisória baixada pelo governo federal autorizou a negociação de 2,8 milhões de contrato de crédito rural no valor de R$ 75 bilhões.
Para Lula, o plano de renegociação elaborado por seu governo foi "primoroso".
"Há mais de 20 anos se tentava fazer esse acordo e não se conseguia fazer. Agora foi feito e acho que isso vai desbloquear a agricultura brasileira para que ela possa ser mais produtiva do que foi até agora."
De acordo com o presidente, as contestações das dívidas nos tribunais e nas negociações dentro do próprio governo criaram um negócio paralelo que não interessa aos principais envolvidos no assunto.
"Termina sendo uma estupidez: desculpa-me se tiver advogado aqui, [mas] eu acho que esse assunto interessa a quem banca esse processo. Porque não pode interessar nem ao agricultor nem ao Estado", afirmou, durante discurso.
Lula disse que há 11,6 milhões de processos em tramitação no país sobre cobrança de dívidas agrícolas e que 80% dos devedores têm obrigações abaixo de R$ 100 mil.
Em entrevista, o presidente disse que há casos em que os débitos não têm condições de serem pagos e que a renegociação se mostrou como único caminho para o governo receber.
"Há determinadas dívidas com tanta multa e tanta coisa, que se tornam incompatíveis com a própria dívida. Tomamos a atitude de desbloquear porque determinadas dívidas se tornaram impagáveis. Se você pegar a quantidade de multas e juros de mora que incidia sobre essa multa, era 10, 20 vezes mais do que o principal."
Para Lula, a meta principal da renegociação é dar oportunidade de "legalizar a vida das pessoas e que elas possam continuar a ser contribuintes no Brasil para que o país os tenha como produtores".
Segundo ele, não há incentivo à inadimplência. "O plano é o reconhecimento de que tem muita gente que estava proibida de pagar porque as condições que se criavam eram difíceis para pagar. Agora, quem puder pagar vai pagar." (DV)


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