São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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ENERGIA

Manutenção de equipamentos e atraso na entrada em operação de plataformas explicam queda, diz a empresa

Petrobras produz 6,2% a menos em Campos

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras registrou queda de 6,2% na produção de petróleo da bacia de Campos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da estatal.
A bacia de Campos é a maior região produtora da Petrobras e responde por cerca de 80% da produção nacional da companhia. A produção de petróleo da empresa caiu consecutivamente de janeiro a maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas registrou uma leve recuperação em junho.
"Houve uma concentração de paradas programadas para manutenção no primeiro semestre, principalmente em maio", disse o gerente-geral de Exploração e Produção da Petrobras, José Luiz Marcusso.
Segundo ele, o atraso para a entrada em operação das plataformas P-43, P-48 e P-50 também contribuiu para a queda de produção de petróleo. As três plataformas terão capacidade de produzir o equivalente a 480 mil barris diários, no total.
A média diária de produção da bacia de Campos no primeiro semestre 2004 caiu para 1,18 milhão de barris diários. No mesmo período do ano passado, a média diária havia alcançado 1,26 millhão de barris.

"Politização"
Na avaliação do especialista em petróleo da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura) Adriano Pires, o atraso deve-se à "politização" da Petrobras, que torna as decisões de investimento mais lentas.
"Na hora em que politiza o assunto, retarda. O enfoque, que deveria ser empresarial, passa a ser político. Sempre houve um viés político na Petrobras, mas esse processo se exacerbou no governo Lula", afirmou.
Pires acrescentou que a introdução da exigência mínima de conteúdo nacional nas contratações de serviços e na compra de equipamentos colaborou para os atrasos.
O gerente da Petrobras, no entanto, nega qualquer relação com a mudança nas licitações da empresa. Segundo ele, nenhuma das três plataformas com cronograma em atraso tem contratos com tal exigência. Duas delas estão sendo construídas em Cingapura, e não no Brasil. A P-43 e a P-48 estão com previsão para começar a produzir no último trimestre deste ano. Já a P-50 deve entrar em operação no ano que vem.
Marcusso disse ainda que a produção da bacia está se recuperando e que espera que a produção nacional de petróleo feche 2004 igual à de 2003. "Nossa expectativa é que a produção diária deste ano fique de 1,54 milhão a 1,55 milhão de barris", disse.
Na bacia de Campos, ele prevê uma produção de 1,245 milhão de barris diários neste ano. Em 2003, a média diária foi de 1,252 milhão de barris.
Segundo o executivo, a Petrobras está mais rigorosa com a segurança de suas operações, o que pode justificar tantas paradas programadas. "É natural para uma empresa que tem sistemas complexos, de grande porte, que isso aconteça", disse.


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