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Governo quer viabilizar megatele nacional
Hélio Costa volta a defender ação do Planalto para ajudar a concretizar fusão entre Brasil Telecom e Oi (antiga Telemar)
Legislação em vigor impede eventual negócio entre as duas operadoras; ministro propõe poder de veto ao governo na nova empresa
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, voltou a defender ontem que o governo
atue para viabilizar a fusão entre a Brasil Telecom e a Oi (antiga Telemar) para formar uma
grande tele de capital nacional.
"Está na hora de o governo
trabalhar para que a gente possa ter uma empresa privada de
capital nacional para fazer
frente a essas grandes empresas [estrangeiras]", disse em
entrevista à Radiobrás.
Procurada, a assessoria de
imprensa do Ministério das
Comunicações não confirmou
informação publicada em jornais ontem de que foi criada
uma comissão interministerial
para estudar o processo de fusão entre as teles nacionais.
A legislação em vigor impede
a fusão entre as duas teles, já
que, na privatização da Telebrás, ficou definido que cada
empresa seria responsável por
uma área específica de cobertura, sendo vetada a união de
duas ou mais concessionárias.
O ministro não deu detalhes
das ações que o governo pode
tomar para favorecer a transação entre Oi e Brasil Telecom.
"Eu vejo isso como uma
oportunidade que o Brasil tem
de não ficar nas mãos de dois
grupos internacionais", afirmou. A preocupação, segundo
Costa, é construir uma empresa nacional que possa enfrentar
multinacionais como a Telefônica (que opera a telefonia fixa
em São Paulo) e a Telmex (que
comanda a Claro e a Embratel).
O ministro disse ainda que
defende que a nova empresa resultante da possível fusão seja
controlada pelo setor privado,
mas o governo teria poder de
veto para impedir uma futura
venda da companhia para investidores estrangeiros.
Surpresa
O anúncio da criação de um
grupo de trabalho, dentro do
governo, para examinar a possibilidade de fusão apanhou as
próprias empresas de surpresa.
A Oi informou, por meio de um
fato relevante divulgado ontem, que ""não está tomando
parte de qualquer iniciativa no
sentido de reestruturar o sistema de telefonia privada".
Os acionistas da empresa
avaliaram que o anúncio veio
em má hora, pois a Telemar está no meio de um processo de
oferta de compra das ações preferenciais de sua controlada
Tele Norte Leste Participações
existentes no mercado (leia
texto nesta página). A notícia,
na avaliação deles, pode desestimular os investidores a aceitar a oferta da empresa.
Acionistas da Oi afirmam que
nunca trataram oficialmente
com o governo federal sobre
uma hipotética aquisição ou fusão com a Brasil Telecom, embora tenham examinado a idéia
internamente.
"Golden share"
Também foi mal recebida pelas teles a proposta defendida
pelo ministro de criação de
uma ação especial ("golden
share"), que dê ao Estado poder
de vetar mudança de controle
acionário na nova empresa.
Segundo um executivo, a
""golden share" seria catastrófica para os investidores, pois a
empresa ficaria sujeita à intervenção de um terceiro -no caso o governo- que não é acionista e que não investe nela.
A ""golden share" foi defendida por Costa como um mecanismo para evitar que se repita
na telefonia o ocorrido com a
Ambev, que foi desnacionalizada após se tornar uma gigante.
A fusão da Oi (ex-Telemar)
com a Brasil Telecom já foi defendida publicamente por executivos das duas empresas,
com o argumento de que se trata de uma tendência mundial e
que elas precisam de escala para serem mais competitivas.
Para executivos do setor, a
proposta deveria partir Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) e ser discutida em
consulta pública. A idéia de
uma grande operadora de capital nacional também ganhou
apoio de parlamentares.
Mas se espera uma reação
por parte da Telefônica e do
grupo Telmex (controlador da
Telefônica). A Telefônica já declarou que, se for permitida a
aquisição e fusão entre concessionárias de telefonia local, ela
gostaria de participar da oportunidade do negócio.
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