São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Soja é quem mais perde com regime de tributação

Brasil tinha 44% das exportações mundiais de óleo de soja em 96; hoje, são 24%
Argentina ganhou mercado ao impor taxas maiores para exportação de grãos e menores para de produtos de maior valor agregado

DA REDAÇÃO

A opção do Brasil pelas commodities afeta de maneira mais acentuada o principal item da balança agrícola do país. Em 1996, o Brasil era responsável por 44% do óleo de soja exportado no mundo. Atualmente, esse percentual caiu para 24%. No mesmo período, as exportações de soja em grãos saltaram de 12% para 42%.
O grande ganhador desse mercado foi a Argentina, que impõe taxas de 35% nas exportações de soja em grãos, 32% nas de farelo e óleo e 20% nas de biodiesel, segundo Fábio Trigueirinho, da Abiove.
"A situação na Argentina também é ruim, mas eles fazem melhor do que o Brasil porque fortalecem as exportações com valores agregados."
No Brasil, as exportações de grãos são isentas, mas o processo produtivo da agroindústria para exportação não é. A movimentação de soja de um Estado para o outro faz as indústrias pagarem 12% de ICMS.
Mesmo assim, o setor lidera as exportações e já trouxe US$ 81 bilhões para o país desde o início de 1998. O segmento de produtos florestais, devido ao clima apropriado e às áreas disponíveis, trouxe US$ 61 bilhões em exportações no período.

Carnes
Outro setor que ganha força no agronegócio é o de carnes. Com pouca representatividade na década passada, exportou US$ 57 bilhões em dez anos e hoje ocupa o terceiro lugar.
A balança do agronegócio começa a receber novos produtos na lista de exportações. As receitas com álcool, embora o mercado externo ainda não esteja muito desenvolvido, somam US$ 1,2 bilhão neste ano. É um setor que deve render muito nos próximos anos.
Força também deverão ter os lácteos, setor no qual o país deve se destacar nos próximos anos devido às condições favoráveis de produção.
Nesse caso, o setor já começa com uma certa dose de valor agregado. Maria Helena Fagundes, analista do setor lácteo da Conab, afirma que 75% das vendas externas brasileiras são de leite em pó integral e condensado. Com esse leite, vão o açúcar e a lata feita de folha-de-flandres.
O Brasil ganha novo reforço nas exportações: o milho. A opção dos EUA pelo grão na produção de álcool deixou espaço para o Brasil crescer. As exportações, que superaram 10 milhões de toneladas em 2007, renderam US$ 1,9 bilhão.
Algumas previsões indicam que, devido à disponibilidade de terras e ao avanço da tecnologia nesse setor, o Brasil deverá elevar as exportações para 17 milhões de toneladas nos próximos anos. (MAURO ZAFALON)


Texto Anterior: Recuperar tempo perdido será difícil, afirma indústria
Próximo Texto: Rubens Ricupero: O perigoso isolamento da agricultura
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.