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Casas Bahia reduz investimento e corta vagas
DA REPORTAGEM LOCAL
A Casas Bahia enfrenta uma
de suas maiores crises dos últimos dez anos, admite a empresa. A rede varejista reduziu investimentos, vai abrir menos
lojas em 2006, demitiu pessoal
-afirma que novos cortes não
estão descartados- e registra
aumento na inadimplência,
atualmente em 10%.
Maior rede de eletrodomésticos e móveis do país, a companhia verificou queda de 3% na
receita de vendas (valor real) de
janeiro a junho em relação a
igual período de 2005.
A expansão de 9,2% no volume de itens vendidos não compensou a perda no faturamento. A queda ocorre porque o
brasileiro está gastando menos,
resume Michael Klein, diretor-superintendente da cadeia, em
entrevista à Folha. "A população não está comprando, tem
muito mais gente com medo de
perder o emprego", diz ele.
A explicação para o tropeço
da cadeia está na dificuldade de
recuperação no rendimento no
Sul e no Sudeste do país -onde
estão as lojas da rede varejista.
A crise da agricultura e da
pecuária nos Estados do Sul
afetou o bolso do consumidor.
Em novembro, a rede fará forte
ação nacional com a intenção
de chamar os consumidores
com dívidas em aberto para renegociar o pagamento em atraso- aproveitando o 13º salário.
"Nas lojas no Sul, o faturamento caiu até 50%. Tivemos
que fechar lojas. Mas não é só
isso. Há fatores mais globais
que afetaram os resultados.
Por exemplo, tivemos os jogos
da Copa do Mundo. Se por um
lado isso elevou as vendas de
TVs, por outro tirou o povo das
lojas", conta Klein.
Segundo a planilha de vendas da rede, de janeiro a junho
a cadeia vendeu 19% menos
mercadorias na categoria refrigeração (que inclui refrigeradores e freezers). Para a linha
"quente" (microondas e fogão),
a queda foi de 6%. Em telefones
celulares, a venda caiu de 2 milhões de aparelhos para 1,5 milhão em igual período.
A linha de eletrônicos foi menos afetada: a Casas Bahia vendeu 1,1 milhão de TVs de janeiro a junho, contra 1 milhão em
2005. Um dos principais efeitos nas contas foi a inadimplência: quanto maior o calote,
menor o lucro.
"A inadimplência subiu um
ponto de um ano para cá e está
nos 10%", diz Klein. Não é uma
taxa desprezível: estava em
pouco mais de 9% no final de
dezembro e, desde aquela época, a empresa fala em buscar
uma redução para cerca de 8%.
"Hoje, pedimos que os clientes novos dêem uma entrada
na hora da compra, por exemplo. Isso faz com que ele se
comprometa mais com aquela
dívida. Mas não mudamos o
critério de aprovação das compras", afirma o diretor.
"O banco não aprova a compra do consumidor que está no
SCPC, mas nós não verificamos
isso. Olhamos o nosso cadastro
de clientes e, se ele está adimplente, liberamos o negócio."
Agressividade
Na avaliação de especialistas,
a empresa foi "agressiva demais nas suas ações de concessão de crédito", como diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
"Agora, ela vai ter de parar a
máquina e rever a estratégia."
Para 2006, a rede pretende
abrir cerca de 60 novos pontos
-foram 30 até junho. A cadeia
falava em cem lojas novas no
ano. Seriam investidos até
R$ 120 milhões. Agora, a cadeia
fala em cerca R$ 70 milhões.
Também já demitiu neste ano
2.000 pessoas e tem agora 54
mil empregados.
A rede planeja faturar R$ 11,5
bilhões (contando inaugurações e antigas lojas) em vendas
reais em 2006 -o mesmo volume do ano passado. Isso, diz o
grupo de lojas, se o ritmo de
vendas no segundo semestre
mostrar alguma reação.
Alguns investimentos da cadeia foram engavetados: a companhia deixou para 2007 a
construção de um novo depósito em Sapucaia do Sul (RS).
"Se a venda não melhorar em
2007, então isso fica para
2008", diz Klein, em entrevista
no escritório central da empresa, em São Caetano do Sul (SP).
Foram fechadas lojas em várias cidades pequenas no Sul do
país e outras foram transferidas para diferentes cidades.
"Devo remanejar umas dez
lojas no ano. O ponto fecha numa cidade e vai para outra. Em
alguns casos, em cidades onde
tínhamos duas lojas, fechamos
uma."
(AM)
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