São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

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Governo já vê alta de 1% do PIB neste ano

Planalto recebe informação de que expansão da economia no 2º trimestre foi melhor que o esperado por governo e analistas

Lula planeja fazer reunião com empresários e sindicalistas para festejar saída da crise e espera dividendos eleitorais

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu informação oficial de que o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre surpreendeu e já permite a projeção de crescimento da economia em 2009. A expectativa é de um aumento de cerca de 1% do PIB neste ano na comparação com 2008. Já os analistas de mercado preveem alta de 0,3% do PIB no ano.
Segundo um auxiliar direto do presidente, o resultado do PIB no segundo trimestre, comparado ao número do primeiro trimestre, mostrará uma recuperação acima das expectativas do governo e da iniciativa privada. O IBGE divulgará o PIB trimestral no dia 11.
Com a informação sobre o segundo trimestre e a projeção de crescimento no ano, Lula fará uma cerimônia oficial com os empresários para afirmar que "o Brasil já pode dizer que venceu a crise", segundo as palavras de um ministro. O governo chegou a temer PIB negativo (retração) neste ano.
Lula quer usar o bom desempenho econômico como munição contra a oposição, vendendo a imagem de que passou no teste de gestor durante a mais forte crise global desde 1929.
O governo deverá fazer uma reunião do chamado Conselhão, grupo que reúne empresários e sindicalistas, para dizer que o Brasil saiu da crise um ano após seu início. A data levada em conta para o evento é a da quebra do banco de investimento dos EUA Lehman Brothers, 15 de setembro de 2008, que detonou a crise global.
A reunião do Conselhão acontecerá provavelmente no Itamaraty, em Brasília. Mas há chance de ocorrer em São Paulo. Segundo a Folha apurou, Lula deseja uma reunião de caráter festivo, na qual empresários reconheceriam que medidas adotadas pelo governo minimizaram o impacto da crise.
Todo o discurso do governo, segundo um auxiliar de Lula, é tentar mostrar que o Brasil teria sido um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair. Lula tem dito exatamente isso nos últimos dias.
"O Brasil está vivendo um momento importantíssimo. Há a proposta de um novo marco regulatório do petróleo num momento em que os empresários dizem que o Brasil passou a navegar em águas mais tranquilas", diz o ministro das Relações Institucionais, José Múcio. O Conselhão é coordenado por Múcio.
Na reunião do Conselhão, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverá fazer uma exposição com dados da economia brasileira. Há a possibilidade de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também possa falar, caso não haja colisão com sua agenda internacional. A cerimônia do Conselhão faz parte da estratégia de estimular uma agenda positiva após o período mais agudo da crise econômica e do desgaste político pelo apoio do governo à manutenção de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado.

Dividendos políticos
Lançada a proposta de nova Lei do Petróleo, o governo acredita que a notícia de bom desempenho econômico no segundo trimestre e a expectativa positiva para o segundo semestre de 2009 trarão dividendos políticos.
Lula acredita que esses fatos poderão fazer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, crescer nas pesquisas sobre a sucessão presidencial. No mais recente levantamento do Datafolha, Dilma marcou 16% na pesquisa publicada em 16 de agosto. O presidente gostaria de chegar à marca dos 20 pontos percentuais até o final do ano.
A ministra vinha crescendo de março de 2008 ao final de maio de 2009. Saiu de 3% para 16% no período, mas repetiu o último índice em agosto. Líder nas pesquisas, o oposicionista e governador de São Paulo, José Serra (PSDB), obteve 37% na mesma pesquisa.


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