|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC age de novo para socorrer banco pequeno
Regra permite desconto no compulsório para instituições que comprarem carteira de crédito de menores e pode pôr R$ 23,5 bi no mercado
Ação ocorre após Bolsa cair
7,34% e dólar superar R$ 2 e
em meio a crise de liquidez;
BC já havia mexido no
compulsório em setembro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela segunda vez em menos
de dez dias, o Banco Central
anunciou mudanças no recolhimento compulsório para socorrer bancos de pequeno e
médio porte que têm enfrentado dificuldades em captar dinheiro devido ao agravamento
da crise financeira.
As medidas foram anunciadas por volta das 22h, após um
dia em que a Bolsa caiu 7,34%, o
dólar superou R$ 2 e o mercado
de crédito seguiu congelado.
As novas regras darão um
desconto no compulsório para
os bancos maiores que comprarem parte da carteira de crédito
de instituições de menor porte.
Dessa maneira, o BC acredita
que incentivará o próprio mercado a resolver o problema de
liquidez que tem sido observado no sistema financeiro.
O desconto será dado no
compulsório que incide sobre
os depósitos a prazo, como os
CDBs, e não poderá ultrapassar
40% do total que cada banco
tem a recolher atualmente. As
instituições financeiras são
obrigadas a recolher no BC o
equivalente a 15% desses depósitos, o que equivale hoje a cerca de R$ 55 bilhões.
Para tentar fazer com que os
bancos grandes ajudem o
maior número possível de instituições financeiras, foi definido também que esse limite de
40% não poderá ser todo usado
em só uma operação de compra
de carteira: se quiser usar toda
a folga oferecida pelo BC, os
bancos terão que adquirir a carteira de empréstimos de ao menos duas outras instituições.
Essas carteiras estão entre os
melhores ativos desses bancos.
O BC acredita que, se todos
os bancos utilizarem todo o limite que as novas normas oferecem, a medida pode injetar
R$ 23,5 bilhões no mercado. No
final do mês passado, iniciativa
semelhante direcionada a instituições de menor porte já havia
liberado outros R$ 13 bilhões.
No total, as duas medidas podem colocar à disposição do
mercado R$ 36,5 bilhões.
A medida tem caráter temporário, pois só valerá para o banco que adquirir carteiras de
crédito de terceiros de outras
instituições até o fim de 2008.
Por serem voltadas aos bancos
de menor porte, só poderão
vender parte das carteiras as
instituições com patrimônio de
até R$ 2,5 bilhões, o que exclui
os 17 maiores do país.
Por meio de nota, o BC informou que a alteração tem "o objetivo de melhorar a distribuição de recursos no sistema financeiro nacional, em função
das restrições de liquidez que
têm sido verificadas no ambiente internacional".
Para o BC, mesmo com o
agravamento da crise, não falta
dinheiro no mercado. O problema, segundo esse diagnóstico, é
que bancos grandes têm dinheiro em caixa, mas, com receio de piora ainda maior no cenário internacional, preferem
não emprestar esses recursos
para instituições menores.
Nesse caso, uma simples redução de alíquotas do compulsório não melhoraria a situação, pois não garantiria que os
bancos maiores iriam pôr mais
dinheiro em circulação.
No último dia 24, o BC já havia decidido dar desconto no
recolhimento compulsório para os bancos que tivessem volume baixo de depósitos captados
no mercado. Para as instituições menores, a iniciativa significou uma isenção do compulsório, o que ajudou a resolver, ao menos temporariamente, a falta de dinheiro em caixa.
Nesse caso, entre os beneficiados, há bancos com forte presença no crédito consignado.
Como isso não foi suficiente
para reverter o quadro, o ministro Guido Mantega (Fazenda) e
o presidente do BC, Henrique
Meirelles, reuniram-se duas
vezes nos últimos dois dias com
Lula para discutir a questão.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Dólar passa de R$ 2, e risco cambial assusta Índice
|