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Bolsa cai 7% com medo de recessão nos EUA
Bovespa chega a marcar depreciação de 9,4% durante o pregão; mercado espera aprovação de pacote norte-americano
Apenas 3 das 66 ações
que formam o Ibovespa não
fecharam o dia com perdas;
queda da Bolsa de São Paulo já alcança 27,7% no ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A aprovação do pacote de socorro do governo Bush no Senado criou a expectativa de que
os pregões poderiam ter um dia
mais calmo ontem. Mas o que
se viu foi exatamente o contrário. A Bovespa, após operar em
terreno negativo durante todo
o pregão, terminou o dia com
desvalorização de 7,34%, aos
46.145 pontos. O dólar subiu
5,09%, vendido a R$ 2,023.
A queda foi atribuída em parte aos dados desanimadores da
economia americana -como o
aumento nos pedidos de seguro-desemprego-, que reforçaram as previsões de recessão na
maior economia do mundo.
A exemplo do que ocorreu
em outros momentos desta crise, a queda da Bolsa brasileira
superou a dos principais centros financeiros. Em Nova
York, o índice Dow Jones caiu
3,22%. A Bolsa de Frankfurt
perdeu 2,51%. Nos emergentes,
quedas mais fortes foram registradas nas Bolsas de Buenos Aires (-5,27%), do México
(-4,34%) e da Rússia (-4,04%).
No pior momento de ontem,
a Bovespa registrou desvalorização de 9,41% e quase teve seu
pregão interrompido -o que
teria acontecido se as perdas
superassem os 10%, como
ocorreu na segunda-feira.
"Esperava que o dia fosse
mais calmo", disse Flávio Zullo,
gerente da HSBC Corretora.
"Vimos investidores tentando
se desfazer de ações de qualquer jeito. Nesses momentos,
acaba não se olhando muito para os fundamentos das companhias, e todo mundo sofre."
A Bovespa está com perdas
acumuladas de 27,7% no ano.
O dia de perdas ontem não
poupou quase ninguém. Das 66
ações do índice Ibovespa, só 3
não caíram: TIM Participações
ON (com alta de 0,55%), Sabesp ON (0,36%) e Comgás PN
(0,35%).
As ações mais líquidas, como
Petrobras e Vale, têm sofrido
dupla pressão: além de os estrangeiros seguirem abandonando esses papéis, a continuidade na queda das commodities no exterior também tira
sua atratividade. Ontem, o petróleo desceu a US$ 93,97 em
Nova York -baixa de 4,6%. Em
julho, superava US$ 147.
Depois de marcar depreciação de 10,2%, as ações preferenciais da Petrobras se recuperaram um pouco, mas encerraram o dia com forte perda de
8,16%. O papel ON da estatal recuou 6,49%. Para a ação preferencial "A" da Vale, a segunda
mais negociada do dia, a queda
ficou em 10,09%.
"As incertezas se mantêm no
mercado internacional, com
analistas e investidores preocupados e atentos aos desdobramentos da crise. E não há
como a Bovespa ficar isolada da
tensa cena externa", afirma Bolívar Godinho Filho, professor
do Laboratório de Finanças da
FIA (Fundação Instituto de
Administração). Para o professor, "se o pacote for aprovado
pelos deputados americanos
hoje, o mercado deverá passar a
ter oscilações menos intensas".
Os setores dependentes do
mercado interno foram destaque de perda ontem. Papéis como os ON da Lojas Renner (que
caíram 16,45%) e os PN da B2W
Varejo (resultante da fusão entre Americanas.com e Submarino), com baixa de 10,80%, ficaram entre as quedas mais expressivas do dia.
Ontem, o Citigroup divulgou
relatório no qual reduziu a recomendação para ações brasileiras de produtos de consumo
supérfluo, em um cenário em
que o país está exposto a "estancamento de fluxos de crédito" e "considerando os altos índices de endividamento".
Apesar das quedas expressivas, a movimentação não foi
tão elevada na Bolsa, tendo sido
negociados ontem R$ 5,6 bilhões -a média diária do ano
está em R$ 5,9 bilhões.
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