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Temor de recessão e aperto do crédito derrubam mercados norte-americanos
DA REDAÇÃO
Um dia depois de o Senado
aprovar o plano de estabilização dos mercados financeiros,
as Bolsas norte-americanas tiveram mais um pregão de forte
queda, com os bancos ainda receosos em emprestar dinheiro
uns para os outros e a economia
que não é ligada ao setor financeiro sinalizando que o país ruma para uma recessão.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, recuou 3,22% e acumula queda
de 8,22% desde 15 de setembro,
quando ocorreu a concordata
do Lehman Brothers e a venda
do Merrill Lynch para o Bank of
America. O S&P 500, mais amplo, se desvalorizou em 4,03%,
e a Nasdaq (de empresas de alta
tecnologia), em 4,48%.
Umas das ações que mais caíram foram as das seguradoras,
afetadas pela declaração do senador Harry Reid, líder democrata na Casa, que disse anteontem que uma conhecida
empresa do setor poderia quebrar, sem citar o nomes. Hartford Financial (-32,01%), Principal Financial (-16,26%) e
MetLife (-14,93%) negaram
que tenham problemas
Mesmo que os US$ 700 bilhões, para compra de títulos
podres de instituições financeiras, e os mais de US$ 100 bilhões, em cortes de tributos para empresas, sejam aprovados
pelo Congresso, o temor é que a
economia americana não consiga escapar de uma recessão.
Os pedidos de seguro-desemprego chegaram na semana
passada a 497 mil, nível que não
era visto desde setembro de
2001, após os ataques terroristas a Nova York. Hoje serão divulgados os dados de desemprego do mês passado e a expectativa é a de que mais de 100
mil postos sejam eliminados
-o que não ocorre desde março
de 2003. Neste ano, 605 mil vagas deixaram de existir. Ontem
também saíram os dados de encomendas da indústria americana, que tiveram o maior recuo em quase dois anos, de 4%.
E os indicadores se espalham
praticamente por toda a economia dos EUA. No setor imobiliário, epicentro da crise, mais
de 770 mil famílias perderam
suas casas desde o início da turbulência, em agosto de 2007. As
vendas das montadoras vêm
caindo praticamente todos os
meses nos dois últimos anos.
Toyota e Ford tiveram, no mês
passado, os piores resultados
em mais de duas décadas.
A aprovação do pacote no Senado norte-americano também não foi suficiente para que
os bancos voltassem a emprestar. Os custos dos empréstimos
de três meses em dólar em Londres subiu pelo quarto dia seguido. A taxa Libor, que os bancos cobram entre si por empréstimos, subiu para 4,21%, a
maior desde 11 de janeiro.
"Se os bancos não estão dispostos a emprestar dinheiro
para um banco, estarão dispostos a emprestar para o cidadão
comum? Não, não estão", afirmou à Bloomberg Frank Ingarra, da Hennessy Advisors. "Nós
podemos estar no início de uma
recessão muito forte."
Ontem, a SEC (a CVM americana) prorrogou a suspensão
das vendas a descoberto de
ações (aposta na queda dos papéis), mas desistiu de exigir que
os investidores tornassem público esse tipo de aplicação.
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