São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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Temor de recessão e aperto do crédito derrubam mercados norte-americanos

DA REDAÇÃO

Um dia depois de o Senado aprovar o plano de estabilização dos mercados financeiros, as Bolsas norte-americanas tiveram mais um pregão de forte queda, com os bancos ainda receosos em emprestar dinheiro uns para os outros e a economia que não é ligada ao setor financeiro sinalizando que o país ruma para uma recessão.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, recuou 3,22% e acumula queda de 8,22% desde 15 de setembro, quando ocorreu a concordata do Lehman Brothers e a venda do Merrill Lynch para o Bank of America. O S&P 500, mais amplo, se desvalorizou em 4,03%, e a Nasdaq (de empresas de alta tecnologia), em 4,48%.
Umas das ações que mais caíram foram as das seguradoras, afetadas pela declaração do senador Harry Reid, líder democrata na Casa, que disse anteontem que uma conhecida empresa do setor poderia quebrar, sem citar o nomes. Hartford Financial (-32,01%), Principal Financial (-16,26%) e MetLife (-14,93%) negaram que tenham problemas
Mesmo que os US$ 700 bilhões, para compra de títulos podres de instituições financeiras, e os mais de US$ 100 bilhões, em cortes de tributos para empresas, sejam aprovados pelo Congresso, o temor é que a economia americana não consiga escapar de uma recessão.
Os pedidos de seguro-desemprego chegaram na semana passada a 497 mil, nível que não era visto desde setembro de 2001, após os ataques terroristas a Nova York. Hoje serão divulgados os dados de desemprego do mês passado e a expectativa é a de que mais de 100 mil postos sejam eliminados -o que não ocorre desde março de 2003. Neste ano, 605 mil vagas deixaram de existir. Ontem também saíram os dados de encomendas da indústria americana, que tiveram o maior recuo em quase dois anos, de 4%.
E os indicadores se espalham praticamente por toda a economia dos EUA. No setor imobiliário, epicentro da crise, mais de 770 mil famílias perderam suas casas desde o início da turbulência, em agosto de 2007. As vendas das montadoras vêm caindo praticamente todos os meses nos dois últimos anos. Toyota e Ford tiveram, no mês passado, os piores resultados em mais de duas décadas.
A aprovação do pacote no Senado norte-americano também não foi suficiente para que os bancos voltassem a emprestar. Os custos dos empréstimos de três meses em dólar em Londres subiu pelo quarto dia seguido. A taxa Libor, que os bancos cobram entre si por empréstimos, subiu para 4,21%, a maior desde 11 de janeiro.
"Se os bancos não estão dispostos a emprestar dinheiro para um banco, estarão dispostos a emprestar para o cidadão comum? Não, não estão", afirmou à Bloomberg Frank Ingarra, da Hennessy Advisors. "Nós podemos estar no início de uma recessão muito forte."
Ontem, a SEC (a CVM americana) prorrogou a suspensão das vendas a descoberto de ações (aposta na queda dos papéis), mas desistiu de exigir que os investidores tornassem público esse tipo de aplicação.


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