São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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Divergências ameaçam plano europeu anticrise

Após críticas, Sarkozy nega plano de US$ 418 bi

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A União Européia confirmou para amanhã uma reunião de emergência para discutir a crise financeira, mas o esperado plano de ação coordenada corre o risco de ser diluído pelas divergências entre os países membros. O governo francês, que será o anfitrião da minicúpula, praticamente voltou atrás na proposta de um fundo europeu, depois que a idéia foi atacada por todos os lados.
A criação de um fundo com dinheiro público para resgatar bancos em apuros foi mal recebida em vários países europeus. Em particular na Alemanha, principal economia do continente, e que entraria com a maior fatia do bolo. "A Alemanha não dará um cheque em branco aos bancos", disse a premiê Angela Merkel.
A polêmica teve origem em uma entrevista publicada ontem por um jornal alemão, na qual a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, sugere o fundo como uma "rede de proteção européia" para evitar a quebra de bancos em países menores, que não têm condições de articular um resgate próprio. Segundo fontes européias, a França estimava que o fundo teria 300 bilhões de euros (US$ 418 bilhões).
A resistência da Alemanha à idéia logo ganhou a adesão de outros países. O premiê de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, disse estar "muito aliviado" com a aprovação pelo Senado americano do plano de US$ 700 bilhões para assumir os chamados "papéis podres" de bancos, mas não como um modelo a ser seguido. "Não vejo necessidade para termos um programa similar na Europa."
Diante do tumulto criado, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, negou a idéia do plano bilionário. "Nego tanto a quantia como o princípio."
A única voz a favor do suposto fundo que a França pensou em propor partiu da Holanda. O governo holandês propõe que cada um dos 27 países da UE reserve 3% de seu PIB à criação do fundo para ajudar bancos em dificuldades.
O premiê britânico, Gordon Brown, não espera negociar em Paris um plano de resgate europeu. "O objetivo é discutir como as quatro grandes economias da Europa estão reagindo à crise", disse seu porta-voz.

Com agências internacionais



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