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Área do Porto de Santos vai dobrar com novos terminais
Governo quer elevar capacidade de 100 milhões de toneladas para 200 milhões
Decreto que muda limites do maior porto do país já passou por Codesp e Antaq e agora só aguarda assinatura
do presidente Lula
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Porto de Santos vai dobrar
de tamanho. A Codesp (Companhia Docas de São Paulo)
aguarda a assinatura de um decreto presidencial que vai ampliar dos atuais 7,7 milhões para 15 milhões de metros quadrados os limites do maior porto do país, responsável por 25%
do comércio exterior brasileiro. A minuta do decreto já passou pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e pela SEP (Secretaria Especial de Portos) e aguarda a assinatura do presidente Lula.
A estratégia faz parte do plano federal de elevar de 100 milhões para mais de 200 milhões
de toneladas a capacidade movimentação de carga em Santos, uma boa parte dessa expansão feita a partir de novos terminais de contêineres.
Hoje, dentro da área do porto
organizado existem só duas
áreas remanescentes com ocupações irregulares.
Desde a última quarta-feira,
a Codesp, a SEP e técnicos do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) iniciaram as
discussões para a elaboração de
um novo plano diretor de investimentos. Faz parte desse
plano a elaboração de um novo
modelo de contrato de arrendamento que será aplicado aos
novos projetos licitados e aos
atuais a partir das revisões
qüinqüenais previstas hoje,
conforme antecipou a Folha.
A expansão geográfica do
porto também corrige um problema. O mega projeto Barnabé-Bagres, em fase de estudo
pelos grupos Santos Brasil e Libra, está cerca de 80% fora dos
limites do porto organizado,
delimitado pelo paralelo 23.
"O decreto irá delimitar os limites do porto de Santos, que é
hoje definido apenas por duas
paralelas. Precisamos ter as linhas poligonais para fechar a
área do porto", explicou José
Roberto Serra, presidente da
Codesp.
Com a definição das novas
coordenadas geográficas, a
União passará a deter o direito
para desenvolvimento do porto
sobre áreas privadas, com a publicação de decretos de desapropriação conforme a necessidade.
Roberto Serra disse ainda
que o aumento da área de influência do porto de Santos
agregará novos espaços para o
desenvolvimento de terminais
retroportuários, hoje inviáveis
nos espaços localizados às margens do canal de navegação.
A idéia da Codesp é a de utilizar por exemplo os canais fluviais na região para escoamento de bens. "Podemos ampliar o
canal de navegação desses canais e fazer com que embarcações menores alimentem os
terminais principais", afirmou.
Isso reduziria, segundo avaliou, o tráfego de caminhões
nas vias próximas ao cais.
Reforma
A revisão dos contratos de arrendamento e a expansão do
porto fazem parte de um plano
de reestruturação da Codesp. A
Companhia Docas de São Paulo
é a maior em administração
portuária no país e possui hoje
passivo reconhecido e não reconhecido de R$ 880 milhões.
Em ações civis e trabalhistas,
a dívidas estimada da Codesp é
de R$ 180 milhões. Há cerca de
dois meses, o Portos, fundo de
pensão criado ainda pela Portobrás, cobra hoje da Codesp uma
dívida de R$ 700 milhões.
A empresa havia reconhecido R$ 90 milhões, conta que está sendo paga em parcelas de
R$ 3 milhões por mês. A nova
conta está sob auditagem encomendada pela Codesp, mas o
reconhecimento de uma dívida
dessas dimensões quase que inviabiliza a companhia.
Hoje, a Codesp tem receita
de R$ 500 milhões por ano.
Além de encontrar uma solução para esse passivo, a empresa quer renegociar um crédito
de R$ 500 milhões que possui
com operadores portuários.
A empresa tem planos de
abrir o capital em até um ano e
meio. Seria a primeira companhia docas com ações em bolsa.
Demissão incentivada
A Codesp prepara ainda um
PDI (Plano de Demissão Incentivada) para reduzir em 400 o
número de funcionários. A
maior parte desse contingente
é formada por servidores em
condições de aposentadoria. O
incentivo financeiro para que
se aposentem ainda não foi definido, disse Roberto Serra. Hoje, a Codesp tem 1.400 funcionários. Depois da saída desse
grupo, a Codesp pretende lançar um concurso público.
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