São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

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Ford surpreende com lucro de quase US$ 1 bi

Montadora, única dos EUA a não pedir concordata na crise, teve ganhos na América do Norte pela primeira vez em 4 anos

Resultados de GM e Chrysler no 3º tri sairão nos próximos dias; programa já extinto de estímulo à troca de carros beneficiou montadoras

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A Ford Motor Company, única montadora norte-americana a não entrar em concordata nos Estados Unidos nesta crise, surpreendeu o mercado e anunciou um lucro de US$ 997 milhões no terceiro trimestre.
Pela primeira vez em mais de quatro anos a empresa também teve lucro em suas operações na América do Norte. A montadora informou ainda que estancou a "queima" de capital de giro e que terminou o período entre julho e setembro com US$ 23,8 bilhões em caixa.
General Motors e Chrysler devem anunciar seus resultados nos próximos dias. Mas ambas também devem ter sido beneficiadas, assim como a Ford, por um programa federal de quase US$ 3 bilhões que incentivou a compra de veículos mais econômicos até agosto.
Em setembro, com o fim do programa, as vendas de automóveis nos EUA tiveram forte queda, levando a um recuo de 7,2% na comercialização de bens duráveis.
A notícia sobre a montadora veio acompanhada de outros indicadores positivos sobre a economia dos EUA.
A atividade industrial no país atingiu o maior patamar em três anos e meio em outubro, e as vendas de casas já construídas registraram alta de 6,1%. Foi o maior salto desde dezembro de 2006 e refletiu uma corrida entre compradores para aproveitar um programa federal de incentivos para novos mutuários.
O indicador da atividade fabril do ISM (Institute for Supply Management) subiu para 55,7 pontos no mês passado, atingindo o maior patamar desde abril de 2006. Também ficou acima dos 53 pontos projetados pelo mercado.
Apesar das boas notícias, após reunião com seus principais assessores econômicos, o presidente Barack Obama advertiu que ainda espera novos aumentos na taxa de desemprego no país e que a recuperação de vagas no setor privado tende a ser lenta.
O nível de desemprego de outubro será divulgado na sexta-feira. Em setembro, ele subiu para 9,8%. Mas outro indicador apurado pelo ISM sugere que o mercado de trabalho em outubro se mostrou mais firme do que nos 15 meses precedentes, indicando que muitas empresas consideram contratar.
"Temos ainda um longo caminho pela frente. Os níveis de produção ainda estão abaixo de picos atingidos no passado e, mais preocupante, a criação de empregos ainda não começou", disse Obama.
O Fed (o BC dos EUA) deverá se reunir hoje e amanhã nos EUA e é consenso que deverá manter boa parte dos estímulos à recuperação, assim como as taxas de juro próximas de zero para estimular a atividade.
Norbert Ore, presidente do ISM, afirmou que o indicador da produção industrial apurado em outubro pode sugerir que a economia do país ganhe um ritmo de crescimento anualizado de 4,5% no quarto trimestre.
No terceiro trimestre, os EUA cresceram 3,5% em termos anualizados, mas muitos analistas acreditam que mais da metade desse impulso tenha sido fruto de gastos federais.
A grande dúvida é se o setor privado conseguirá substituir os gastos estatais nos próximos meses. "Os indicadores mais recentes farão com que muitos comecem a ficar mais confiantes em uma recuperação, especialmente a partir do final do ano", diz Nick Kalivas, da área de pesquisas da MF Global.


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