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Ford surpreende com lucro de quase US$ 1 bi
Montadora, única dos EUA a não pedir concordata na crise, teve ganhos na América do Norte pela primeira vez em 4 anos
Resultados de GM e Chrysler no 3º tri sairão nos próximos dias; programa já extinto de estímulo à troca de carros beneficiou montadoras
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A Ford Motor Company, única montadora norte-americana
a não entrar em concordata nos
Estados Unidos nesta crise,
surpreendeu o mercado e
anunciou um lucro de US$ 997
milhões no terceiro trimestre.
Pela primeira vez em mais de
quatro anos a empresa também
teve lucro em suas operações
na América do Norte. A montadora informou ainda que estancou a "queima" de capital de giro e que terminou o período entre julho e setembro com US$
23,8 bilhões em caixa.
General Motors e Chrysler
devem anunciar seus resultados nos próximos dias. Mas
ambas também devem ter sido
beneficiadas, assim como a
Ford, por um programa federal
de quase US$ 3 bilhões que incentivou a compra de veículos
mais econômicos até agosto.
Em setembro, com o fim do
programa, as vendas de automóveis nos EUA tiveram forte
queda, levando a um recuo de
7,2% na comercialização de
bens duráveis.
A notícia sobre a montadora
veio acompanhada de outros
indicadores positivos sobre a
economia dos EUA.
A atividade industrial no país
atingiu o maior patamar em
três anos e meio em outubro, e
as vendas de casas já construídas registraram alta de 6,1%.
Foi o maior salto desde dezembro de 2006 e refletiu uma corrida entre compradores para
aproveitar um programa federal de incentivos para novos
mutuários.
O indicador da atividade fabril do ISM (Institute for
Supply Management) subiu para 55,7 pontos no mês passado,
atingindo o maior patamar desde abril de 2006. Também ficou
acima dos 53 pontos projetados
pelo mercado.
Apesar das boas notícias,
após reunião com seus principais assessores econômicos, o
presidente Barack Obama advertiu que ainda espera novos
aumentos na taxa de desemprego no país e que a recuperação de vagas no setor privado
tende a ser lenta.
O nível de desemprego de outubro será divulgado na sexta-feira. Em setembro, ele subiu
para 9,8%. Mas outro indicador
apurado pelo ISM sugere que o
mercado de trabalho em outubro se mostrou mais firme do
que nos 15 meses precedentes,
indicando que muitas empresas consideram contratar.
"Temos ainda um longo caminho pela frente. Os níveis de
produção ainda estão abaixo de
picos atingidos no passado e,
mais preocupante, a criação de
empregos ainda não começou",
disse Obama.
O Fed (o BC dos EUA) deverá
se reunir hoje e amanhã nos
EUA e é consenso que deverá
manter boa parte dos estímulos
à recuperação, assim como as
taxas de juro próximas de zero
para estimular a atividade.
Norbert Ore, presidente do
ISM, afirmou que o indicador
da produção industrial apurado
em outubro pode sugerir que a
economia do país ganhe um ritmo de crescimento anualizado
de 4,5% no quarto trimestre.
No terceiro trimestre, os
EUA cresceram 3,5% em termos anualizados, mas muitos
analistas acreditam que mais
da metade desse impulso tenha
sido fruto de gastos federais.
A grande dúvida é se o setor
privado conseguirá substituir
os gastos estatais nos próximos
meses. "Os indicadores mais
recentes farão com que muitos
comecem a ficar mais confiantes em uma recuperação, especialmente a partir do final do
ano", diz Nick Kalivas, da área
de pesquisas da MF Global.
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