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TRIBUTAÇÃO
Em votação simbólica, projeto de lei que mantém a alíquota máxima é aprovado; Senado terá de votar também
Câmara prorroga o IR de 27,5% até 2005
RANIER BRAGON
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de semanas de negociações frustradas em torno de possibilidades de compensações para
os contribuintes, a Câmara dos
Deputados aprovou, às 22h10 de
ontem, a prorrogação por mais
dois anos -até 2005- da alíquota máxima de 27,5% do Imposto
de Renda das pessoas físicas, que
deveria voltar a 25% em 2004.
A operação coordenada pelo
Palácio do Planalto teve como objetivo evitar a perda de arrecadação de R$ 3 bilhões -no caso de
retorno aos 25%- e deixar inalteradas as atuais regras do IR. O
projeto tem de ser votado ainda
no Senado.
Essa não é a primeira vez que o
governo mantém a alíquota de
27,5%, embora leis determinem
sua redução para 25%. Inicialmente, os 27,5% deveriam vigorar
apenas no biênio 98/99. O governo FHC prorrogou os 27,5% por
mais três anos (2000 a 2002). No
final do ano passado, nova prorrogação, para 2003. Agora, nova
prorrogação por mais dois anos.
A não-correção da tabela -cujo efeito é mais prejudicial ainda
aos contribuintes, pois faz com
que parte dos isentos passe a pagar imposto- também tem sido
conseguida pelo governo.
A tabela ficou congelada por
seis anos seguidos -de 1996 a
2001. No final de 2001 houve a correção de 17,5%, com o limite de
isenção subindo de R$ 900 para os
atuais R$ 1.058.
Divergências na própria base
aliada levaram o governo a ceder
na última hora e aceitar a prorrogação da alíquota máxima por
apenas dois anos -a proposta
que chegou ao plenário previa a
manutenção dos 27,5% por tempo indefinido.
O processo de votação foi marcado por troca de acusações entre
oposição -que cobrava do PT a
defesa que, no passado, ela fazia
da correção da tabela do IR- e
governistas, que lembravam o
apoio do PSDB e do PFL à não-correção durante a maior parte do
governo FHC (1995-2002).
Temendo desgaste político, líderes dos partidos aliados patrocinaram manobra para que o projeto de lei fosse aprovado simbolicamente, sem registro nominal
dos votos contra e a favor.
Isso se deu devido à determinação regimental de que o registro
nominal das votações, em caso de
projetos de lei, só pode ser solicitado com prazo de uma hora entre um e outro pedido.
Momentos antes da votação do
projeto principal, o deputado Pedro Henry (MT), líder do aliado
PP, pediu o registro nominal da
votação de um requerimento, o
que inviabilizou o registro de votos do texto principal.
Na votação do requerimento
anterior à apreciação do texto
principal -que mostrou, na prática, os favoráveis e contrários ao
projeto-, o governo venceu por
243 votos a 95. Dez deputados se
abstiveram, sendo sete petistas.
Rebeldes
Três deputados -Babá (PA),
Luciana Genro (RS) e João Fontes
(SE)- acumulam desobediências às orientações do partido e
devem ser expulsos da legenda no
próximo dia 14. Os outros quatro
-Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Maninha (DF) e Mauro
Passos (SC)- fazem parte do
grupo dos oito deputados que se
abstiveram na votação da reforma
da Previdência e foram suspensos
por 60 dias das atividades de representação do partido.
O Planalto chegou a discutir
com líderes opções de correção
que não afetassem a arrecadação.
Uma delas seria corrigir em 10% a
faixa isenta -para ganhos mensais até R$ 1.058. A compensação
seria elevar a alíquota máxima para 35%. Entre R$ 1.058 e R$ 2.115,
a cobrança é de 15%. Acima desse
valor, 27,5%.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva era favorável ao ajuste no limite de
isenção, mas isso estaria condicionado à criação da alíquota de
35%. Os líderes governistas avaliaram, porém, que defender essa
alíquota causaria grande desgaste
político. Além disso, o governo
correria o risco de, dependendo
da tramitação do projeto, ver a tabela corrigida e a alíquota de 35%
derrubada em plenário.
A oposição e os representantes
dos trabalhadores prometeram
ontem pressionar o Senado para
que seja feita alguma correção. A
Força Sindical deve entrar com
representação no Supremo Tribunal Federal pedindo a correção.
Segundo o presidente da Força,
Paulo Pereira da Silva, os trabalhadores tiveram correções salariais nos últimos três anos e, portanto, podem estar pagando mais
imposto. "Os empresários dão
aumento, e o governo toma com a
outra mão", afirmou.
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